28 setembro 2011

A felicidade por aqui




Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.


Clarice Lispector

Aqui só existe o bem. Se você me deseja o mal, eu te desejo amor.


Caio Fernando Abreu

27 setembro 2011

Os 5 estágios


E quando você menos espera, vem o choque. É a primeira etapa quando se recebe uma notícia que muda sua vida, que te faz desviar o caminho, andar pra trás com alguém te puxando pro futuro. É a primeira fase de uma vida inteira de experiências. Mudou, você não queria. Mas ele se foi. E sim, você ficou em choque com as palavras finais que foram ditas: "Para o nosso bem, acabou." E vamos deixar de sentir pena um pouco e partamos para a melancolia. 

Agora vem a tristeza. Essa, meu Deus, ninguém consegue pular. O máximo a pedir é ajuda aos universitários e só. O resto é com você. Chore o que tem de chorar, escreva o que tem de escrever, relembre o que tem de relembrar, veja logo aquelas fotos guardadas, leia as cartas das datas comemorativas e chore mais um pouco. Para alguns, a fase é mais longa longa. Para outros ela é eterna. Que gente boba. Ela nunca é pra sempre. Aprendam. Tome quantos 'Rivotril' for necessário, encharque seu travesseiro, deixe a cara de choro ficar visível, porque isso é consequência. Mas agora já chega, acabou. Essa fase ninguém quer pra vida toda, nem por muito tempo. Essa etapa já era. 

A terceira, se brincar, é a mais importante. É a que te encaminha para a melhor etapa. Vem a raiva. Nem todo mundo passa por ela. Vai depender dos acontecimentos posteriores ao término. Às vezes, e em sua maioria, é melhor não enfrentá-la. Porque, vou te contar, mágoa é terrível. E ainda mais de alguém que presenciou os momentos importantes da sua vida. Sim, aqueles que até hoje você se recorda.  Mas se você a teve, vá com fé, porque com ela eu te garanto, você chega nos estágios finais rapidinho. É ruim, mas só no começo. Você chora um pouco, porque sentir isso por alguém que você ama/amou muito é lamentável. Mas você não consegue se controlar, e infelizmente a raiva se mistura ao amor. 

Mas calma, com o tempo ela vai embora. Porque o quarto estágio é a aceitação. Você deve estar pensando: 'Como ela demora pra chegar.' E realmente demora um pouco, até que você percebe que só você mesmo pode se fazer feliz. Mas, com isso, todas as etapas passadas viram pó. Vez em quando bate uma saudadezinha, uma lembrança ali, e tudo fica bem depois. São resquícios de um amor antigo. Isso é normal. Até que você vai começando a ver aquela situação como uma normalidade do dia a dia, você tem o seus amigos, seus amigos têm a você e tudo está assim: bem normal. Você só precisa de mais um tempo, só um pouco mais, pra chegar na 5ª etapa. Essa é a mais difícil, mas atingir o seu começo já é uma vitória. Terminá-la já são outros 500. Mas se nela você chegou, parabéns. 

É a felicidade. O quinto e último estágio só depende de você. Mais ninguém vai te ajudar. Você só precisa se notar. Você precisa ser você, ter você, se apresentar a si mesma. Você precisa perceber que é maior, superior a qualquer escova de dente usada. Por enquanto é muito fácil. Mas ai você vai precisar também querer esquecer o seu passado. É ai que a vida te prega uma peça. 'Mas porque se estava tudo tão fácil?' Ninguém gosta de pensar na hipótese de 'abandonar', só que uma hora isso tem que acontecer. Quando é preciso, você tem que acatar. Mas por enquanto espere um pouco. Vá com calma, ser feliz já basta muito. Ser extremamente feliz também é escolha sua. Não desanime diante do 'abandono', não se deixe chegar até o chão. Estou aqui te mostrando que no final tudo se torna melhor que o começo. Eu vim aqui te apresentar o final do caminho. O final prazeroso do caminho. Eu quis te dizer, com essa infinidade de palavras, que no final tudo dá muito certo. Que no final você aprende mais que 3 anos de convivência. Eu quis te mostrar que é na ameaça de cair que você aprende a se levantar. E é por isso que eu não me canso de dizer: não se perca na metade do caminho, pois no final, eu te garanto, a recompensa é mil vezes melhor que o que você viveu. Eu consegui.


Dani Fechine


18 setembro 2011

Vai ter o que?

Vai ter o que? Se tiver paz eu vou, amor, amor, amor. Se não tiver você eu entro, se você chegar eu fico pra mostrar como eu já não me importo com sua presença. Se tiver sorrisos eu não penso duas vezes "é de que horas mesmo?". Se tiver sinceridade, eu levo a minha também. Levo a ironia, se realmente for necessário. Se tiver abraços eu vou com uma bolsa cheia deles, pra ter aconchego pra cada um, e pra não faltar amor, eu misturo um pouco de amizade dentro deles. Se tiver, nem que seja um pouquinho só, de alegria, eu irei. Todos juntos transforemos as caras tristes que houver em palhaços reais. Olhe, se tiver paciência, eu posso ser a primeira a ser chamada? Se tiver estresse, pode me chamar também. Eu vou na onda. Se tiver carinho, coloca Legião ou Nando Reis pra tocar bem alto, pra entrar no clima da carência. Estou pronta pra ir.Vou logo avisando que se tiver inimizade me retire da listinha de convidados. Quero ambientes vivos pra mim, não quero nada, nadinha, que me coloque no chão. Já estive lá uma vez, e Meu Deus, é um lugar terrível: plano, seco e sem vocês, sem meus anjos. Por isso, deixo a minha sugestão na caixinha: Se tiver inimizade cancele, seja lá o que for que esteja sendo organizado, cancele. Se não tiver compaixão também, nem pense em pensar em convidar alguém. Se tiver sentimentos de raiva, pena, decepção, desprezo, não me chame. Já estou tentando me livrar dos meus. Se não tiver certeza, me esqueça. Já basta eu e minhas dúvidas. Se tiver bobagem pra conversar, eu vou. Que tenha virtude e sabedoria, e eu sei que se tiver vocês, isso não faltará. Se tiver simpatia eu vou, pra pegar um pouquinho pra mim. Se tiver apreço me chame, por favor. "Só porque tenho por 'eles' um apreço imenso." Se tiver inocência, eu vou, se não tiver eu também vou. Se tiver humildade, terei certeza que estarei ao lado de vocês. Mas no final de tudo, o que importa mesmo é que se tiver vocês, todos vocês, eu vou. Vou e terei a certeza de que todos esse sentimentos maravilhosos estarão presentes.

Vai ter amor, vai ter fé, vai ter paz. Se não tiver, a gente inventa. (Caio F.)

Dani Fechine

17 setembro 2011

Nós... Nó... N... Não.

Depois de misturar tanto sentimento em mim de uma só vez, eu pude talvez diferenciar cada um deles. Nenhum tão bom quanto o amor, todos muito piores e ridículos ainda por cima. Foram sentimentos que eu nunca pensei que pudesse descrevê-los e acho que ainda não posso. Nunca pensei que teria esses sentimentos repugnantes logo por você. Eu nunca me imaginei sentindo nojo de você, um nojo incontrolável. Eu nunca pensei que eu pudesse ter vontade de queimar todas as lembranças concretas que você me deixou e de deletar letra por letra que você já me escreveu. Tudo isso por um único motivo: nojo de você e das suas atitudes. Eu perdi a vontade até de olhar na sua cara, infelizmente. Nojo foi a primeira sensação ruim que tive de você depois de quase 3 anos. A segunda foi decepção. Foi te ver ser alguém que nunca passou nem na sua cabeça 'imitar'. Decepcionante te ver se perdendo nesse mundo onde só basta uma simples garota estalar os dedos e você ir correndo. Fiquei altamente decepcionada com as suas atitudes, os seus gestos, as suas falas. Muito decepcionada com suas amizades, com quem você anda e ainda mais decepcionada com quem você está se tornando agora. Abre o olho, amor. Ops, amor não mais. Logo você que sempre dizia querer voltar a ser como antes. Um antes maravilhoso. Olha no que você se tornou. Duas pessoas completamente diferentes. Duas caras distintas cujos caminhos não se cruzam. Dois 'você'. Um que se mostra bom, e outro que se entrega ao mundo. Procura-se ajuda para você. Eu procuro ajuda pra você. O terceiro sentimento que me atingiu ao te ver naquela situação foi desprezo. Não no sentindo de desrespeito a você, mas a mim. Senti desprezo em te ver tão baixo depois de ter subido tanto. Senti em mim quando atingiram em você essa bala de desmoralização. E apesar de ter abaixado tanto a cabeça diante disso tudo, eu me senti superior. Eu me senti maior em relação a moral e a ética que tenho. Eu me senti superior em relação ao respeito que tenho com você. Foi desprezo nos seus mais variados sinônimos. Foi amargura, indignação, desvalorização. Eu vi você inútil naquele momento. Senti coisas dentro de mim que nem a ciência descobriu o nome. Sentimentos ruins, irreconhecíveis. Mas o último, e até mesmo o pior de todos, foi a raiva. Foi a vontade de não te ver nunca mais. Foi o que me fez agir impulsivamente comigo mesma. Foi uma das piores sensações que já senti. Foi o que me fez girar em torno daquela multidão e me ver sozinha a procura de um amigo. E em meio a tantos deles eu me perdi, e acabei chamando pela de infância. Não aguentei, desabei. Foi com o sentimento de ódio que eu abracei meu melhor amigo, chorei, solucei e disse: "Eu não aguento ver isso". E ele, em completo silêncio e como quem não sabia o que fazer, respondeu ao meu abraço e conseguiu com um toque me acalmar. Foi com o ódio que eu tive vontade de tentar te fazer mudar mais uma vez. O amor ainda brilhou por um segundo.
E em meio a tantas sensações em mim, eu só pude chegar a uma única conclusão: Você me fez sentir por você as piores sensações do mundo e em um único momento. Parabéns, você conseguiu me fazer parar de acreditar em nós. Obrigada.


Dani Fechine

16 setembro 2011

Lembrar pra esquecer

E hoje, agora, me pego assim: vazia, seca, procurando sentimentos que me façam escrever algo. Você conseguiu, pelo menos por algum tempo, tirar tudo de bom que havia dentro de mim. Mas eu só tenho tido pena de você. Eu lamento. É como Tati disse uma vez: "Pode até ter alguma descolada que te deixe instigado. Mas não tem nenhuma melhor do que eu. Não tem." Eu sei, eu sei, um dia todo mundo cai em si, um dia todo mundo busca o perdão. Sei também que, não importa quando, mas tudo isso vai dar certo. Outra coisa também que eu tenho certeza é que em breve eu não pensarei mais em você. Em hipótese alguma, nem pra sentir saudades, nem pra sentir raiva. Apenas pelo motivo de você não merecer mais nem os meus piores pensamentos. Apenas pelo fato de você não merecer a dor de cabeça que eu sinto, as lágrimas que eu já derramei, os sorrisos que eu tenho dado, e principalmente pelo simples motivo de você não mais me merecer. Daqui há alguns dias você não vai mais nem existir [pra mim]. E como eu queria que 'daqui há alguns dias' chegasse logo. Porque não tem criatura que suporte ver alguém extrapolando num erro e nada poder fazer. É difícil aturar certas imagens certas frases, certas insinuações e agir que nem você, que eu prefiro nem comentar como é. Assim como procura-se simpatia, se procura vergonha na cara. E pelo que ando vendo você ainda não encontrou. Mas a gente desculpa. Aliás, a gente sempre perdoa quem a gente ama ou amou. A gente perdoa pra não deixar morrer uma história tão grande, tão linda, tão desencontrada. Perdoamos pra recomeçar. Um dia. Mas pra esquecer. Agora. A gente perdoa pra limpar a alma, o coração. Perdoa pra deixar as coisas correrem com mais pressa, sair com velocidade e não desviar em nada. A gente perdoa, simplesmente, pra se libertar um pouco da angústia, da raiva. Mas a gente lembra. Lembra sim, de tudo que se quer esquecer. Coloca aquela caixa no fundo do guarda roupa pra nunca mais vê-la ou abri-la, apaga as mensagens e acaba com tudo, com tudo que te traz lembranças, saudades. Mas aí você deita, coloca a cabeça no travesseiro, e imagina qual foi o seu sonho? Uma puta lembrança de tudo. E você acorda milhares de vezes durante a noite, e durante alguns milésimos de segundo aquilo parece ser mesmo realidade. A manhã chega e te dá um tapa na cara: "Acorda, menina. Levanta. A vida é muito curta pra se viver sonhando enquanto dorme. Vai realizar os teus desejos. Acorda pra vida. As coisas mudaram, e você precisa abrir os olhos." Logo pela manhã. Mas hoje eu acordei com uma vontade louca de te ver/ter de novo. Mas vontade dá e passa. E mais tarde eu já não vou querer mais isso. Assim espero. Amanhã quero acordar com uma vontade maior ainda de te esquecer. E que isso baste pra realmente você sumir de dentro de mim.


Dani Fechine

12 setembro 2011

100 em 1

Você não vem aqui apenas para aumentar as visitas deste blog, eu sei bem o motivo da sua presença. Você veio procurar palavras que sempre quis dizer, você veio atrás de conforto, de alguém que entenda a sua situação. Você veio aqui pra ver algumas fotos, pra ler o título do texto, e se for interessante, "ah, não custa nada dá uma lida". Você veio aqui procurar alguns textos da Tati Bernardi, olhar as citações finais dos meus e quem sabe apreciar, finalmente, todos esses textos. Você pode encontrar aqui as saudades que você está sentindo de algum amigo que está morando muito longe, pode encontrar o amor que sente por sua família e um agradecimento aos seus melhores amigos, que até aqui te acompanham. Pode ser que você encontre também algumas verdades vivas e puras, cobertas de injúrias e sinceridades. Talvez você encontre um post-homenagem, um post-musical ou até mesmo uma simples frase de tamanho significado. Se você quiser também tem poema, tem até remédio pra viver. Tem história, que até hoje não se sabe se é verídica ou não; têm citações de livros, que com sua pureza, nos ensinam mais do que possamos aprender. Tem vídeo que faz chorar e sorrir ao mesmo tempo, tem campanha pra ajudar e tem o rock para homenagear. Aqui no meu blog têm contos para viajar e para concordar, tem o prazer imenso de receber um comentário e um rascunho qualquer de uma prova de redação, que por incrível que pareça é o texto mais visitado. Têm cartas que já foram enviadas, lidas e guardadas, assim como apelos para meses melhores. Você encontra cenas de filmes espetaculares e desabafos depois de crimes tão violentos e desumanos. Têm textos espetaculares que foram lidos pouquíssimas vezes, tem texto para mãe a para o pai, e para o passado maravilhoso e tão bem vivido. Tem um enredo de escola de samba, que não é apenas um enredo. É uma obra prima. Nesse espaço tão pequeno, nessas páginas tão brancas com essas letras miúdas e pretas, você encontra o meu primeiro texto desde que aqui eu comecei. Talvez você não encontre nada que procura. Mas talvez goste um pouco quando passar a vista rápida por cima das letras. Sei que uma hora você vai dizer: "Isso é realmente uma verdade pura."
E sim, talvez essa não tenha sido a minha melhor publicação, a qual pelo fato de ser a 100º deveria superar todas as outras. Mas não. Eu não quis fazer uma maravilha de texto, ou algo que você dissesse "ela realmente escreve muito bem", porque eu não escrevo para ser analisada, e apenas para ser libertada. Mas eu quis, apesar de todos os contras, fazer um post especial levando em conta todos os outros textos já expostos aqui. E o que consegui foi isso. Chego ao fim dizendo que aguardem, ansiosamente, pela 200º publicação.

Dani Fechine

11 setembro 2011

Já que mudou, aprenda



E mais uma vez você deve aparecer, me mandando uma mensagem com uma frase que nem mesmo você entende, e que deve ter encontrado em algum site por aí, navegando nesse seu celular que você não desgruda. Ai eu vou olhar, vou ler e reler, vou pensar em todas hipóteses, vou tentar compreender o seu pensamento de várias formas, e depois de muito tempo eu vou responder. Mas será uma resposta que fará com que você se convença do que havia me enviado antes. Em seguida você vem com seu papinho, me convidando para um cinema, como se nada tivesse acontecido. Como se o meu desprezo por você fosse acabar ali, naquele momento porque "nossa, vamos voltar aos velhos tempos". Mas ai eu só terei mais indignação ainda por você, pra mim você será mais cara de pau ainda. Você amadureceu o bastante pra saber que uma mulher precisa ser surpreendida, respeitada, amada. Você cresceu o bastante pra saber que não é qualquer uma ou qualquer desejo passageiro que vai fazer você ser feliz para o resto da vida. Acho que já passamos por muitas para termos consciência que nunca conseguimos ficar longe um do outro, e que logo, um dia isso tudo acabará. Esse vai e vem de mãos dadas, esse vai e vem de mudanças, de amores, de paixões, onde sempre só a nossa permanece. Eu não sei mais se acredito que isso foi feito para ficarmos juntos no final, se isso tudo foi feito como uma prova de que o nosso amor é forte o suficiente para que tempestade nenhuma o destrua, se todos esses acontecimentos foram feitos para pararmos de cair com as brisar, e passar a nos fixarmos melhor com os temporais, ou se sempre é só mais uma forma de choque para ver se caímos em si e nos damos conta de que isso foi uma história que passou. Que passou e pronto. Todo mundo tem passado. Costumo dizer que os motivos para que não desistamos são maiores, são mais cabíveis e nos trará maiores felicidades. Hoje, com toda raiva, toda indignação e decepção, eu espero, bem tranquila [mentira], que você se arrependa de cada vírgula que fez na sua vida, que você volte atrás, e quem sabe se tudo mudar, eu pare de sentir nojo, decepção e raiva? Cair em si, é disso que você precisa. E, tudo bem, depois eu volto. Meu celular está tocando. Opa, mensagem. Fui ser feliz, se você quiser, me acompanhe, eu posso voltar.


Dani Fechine

05 setembro 2011

Um post especial - 2

Começo apenas agradecendo pela existência de cada um. Agradeço a Deus por ter, em individual, cada criatura dessa ao meu lado. Ninguém tem noção da importância dos amigos, até precisar deles, até precisar do ombro deles, das palavras deles, dos abraços deles e até mesmo de uma mão batendo no seu ombro e apenas dizendo 'tudo ficará bem'. Eles estão conosco nos momentos mais felizes das nossas vidas, nos fazem rir e quando precisamos nos dão a 'bronca' que merecemos. Mas são nos momentos de fraqueza, nos momentos difíceis e insolucionáveis que você acaba vendo quem realmente se importa com você. Você vai perceber quem, mesmo que só sentado ao lado, vai está com você para a vida toda. Enfim você percebe em quem pode confiar, em quem pode pedir ajuda e em quem você pode correr atrás, abraçar e debruçar a cabeça no ombro desabando em choro. Você percebe sim quem vai enxugar suas lágrimas, quem vai te apoiar e quem vai tentar de todas as formas arrancar um sorriso desse seu rosto tanto marcado de lágrimas. Você percebe a gentileza, você percebe a boa vontade que eles têm. Meu Deus, que corações enormes são esses? O que eu fiz pra merecer todos eles? Devo ter feito algo muito bom. Porque são anjos, são protetores, são meu '190', são meus ursinhos de pelúcia, são aquela almofada que enxuga minhas lágrimas antes de dormir. Meus amigos são minhas jóias, meus diamantes preciosos que eu morreria se apenas um fosse embora. São um porto seguro, são criaturas que eu peço para serem sempre protegidas, jamais incompreendidas. Eu tenho muita sorte de ter vocês. Eu tenho uma sorte tremenda de conhecer pessoas como vocês e de levar essas pessoas comigo sempre, jamais abandonar ou ser abandonada. Eu realmente sou privilegiada por ter sido presenteada com vocês. Mesmo longe, até em outros Estados, eu consigo ter um laço infinito e forte que vizinhos mesmo não têm. Eu só peço agora que eu consiga, um dia, retribuir cada palavra, cada sorriso e cada abraço que eu recebi dessas pessoas nos momentos que eu mais precisei. Eu só peço que nunca as tire de mim, que em hipótese alguma me deixe só, sem elas. Eu seria capaz de morrer se levassem embora todos os meus amigos. É uma fonte de refúgio em carne e osso, é um caminho certo a correr, é uma ajuda que sabemos que nunca irão nos negar. E hoje, agora, eu só tenho uma única coisa pra dizer a vocês que vai resumir tudo que eu tentei dizer, mas não consegui com perfeição:
 "O Woody tem sido meu amigo desde sempre, é corajoso como um cowboy deve ser, é gentil, inteligente, mas o que faz o Woody especial, é que ele nunca desiste de você. Nunca. Ele vai estar contigo pro que der e vier." Toy Story 3


Dani Fechine

04 setembro 2011

Buraco

"[...]Não tem sua euforia, a cordinha da alegria na qual você se agarra porque tem medo do que passa abaixo dos seus pés. Não tem mais seus olhos arregalados além do susto, me pedindo que a gente se divirta, que a gente consiga porque, afinal, a vida não anda das mais fáceis pra você e você, sempre como um touro, tenta e consegue tudo. Olhos tão arregalados pra devorar, como um predador, pra se dar, pra correr atrás do que mata tanto desejo, pra conquistar o mundo com uma força que me faz ficar horas te olhando quase sem ar. Mas um pouco cego pra momentos cruciais de delicadeza e interpretação. Os vencedores são mesmo um pouco egoístas e apesar de você ter me visto tanto e feito tanto e sido mais do que tanta gente que tentou bastante, é claro que a luz principal você deve guardar para o seu caminho que eu tenho certeza que será maravilhoso. Olhar com amor requer um tempo que pessoas de passagem não podem e não devem ter e eu, em vão, tentei ser aquele maluco da plateia que agarrou o corredor rumo ao pódio solitário.
Você está certo em exibir ao mundo tantos dentes e tão brancos. Eu é que estou errada quando paro um pouquinho para olhar com tristeza esses sustos do amor. Não tem mais você tirando sarro quando eu não aguentava a dor no peito e te dizia no escuro que era mais ou menos amor mesmo. Porque era. Porque é. Se você soubesse o estado que estou agora, zumbi, pegando detalhes seus por aqui, e doendo tanto que nem sei mais por onde começar. Eu não aguento mais começar. Queria tanto continuar. Não sei, não aguento, ainda não posso, mas queria continuar.
Alguma coisa deu errado em mim, eu não sei te explicar e eu não sei como arrumar e nem sei se tem ajuda pra isso. Mas meu corpo inteiro se revolta quando gosto de alguém. Me armo inteira pra correr pra bem longe e pra lutar com unhas gigantes quem tentar impedir. Me mata constatar como é ridículo ficar com saudade só de você ir tomar banho. Ter que sentir ciúme ou mágoa ou solidão e sorrir para não ser louca. Eu sinto de um tamanho que eu não tenho e então começo a adoecer, como sempre. Eu não sou louca, eu só não tenho pele pra proteger e quando você toca em mim eu sinto seus dedos e olhos e salivas deslizando por todos os meus órgãos. E você não precisa entender o medo que isso dá, mas talvez um dia possa ter carinho.
Ao final sobro eu aqui, nem doar sangue eu posso porque não tenho tamanho, com medo das horas, dos sons, dos meus ossos. Se você pudesse ver agora, tão pequena, tão desesperada, tão apaixonada, você me diria tantas coisas horríveis de novo? Se você visse como flutuo pela casa sem conseguir pisar no chão porque dói demais você não estar aqui, você diria novamente que eu peso demais? 
Me perdoe pelos meus mil anos à frente dos nossos segundos e pela saudade melancólica que eu senti o tempo todo mesmo sendo nossos primeiros momentos. Pelo retesamento na hora de entregar. Pela maneira como eu grito e culpo quem tiver perto por uma angustia que sempre foi e será só minha e que eu sempre suporto mas quando sinto amor fico achando que posso distribuí-la um pouco, mesmo sabendo que é fatal. Me desculpe por eu ter querido tanto ficar bonita e perfeita e só ter conseguido olheiras e ossos. Me perdoe pelas vezes que de tanto querer leveza acabei pesando a mão. De tanto querer sentir, pensei sobre como estava sentindo, e perdi o sentimento. Ou senti sem pensar e isso pra mim é como meus medos das drogas e então precisei roubar a chave do carro do seu bolso pra me proteger de não olhar mais uma vez você e nunca mais voltar pra casa. Minha maior dor é não saber fazer a única coisa que me interessa no mundo que é amar alguém. Me perdoa por eu querer de uma forma tão intensa tocar em você que te maltrato. Minha mão acostumada com um mundo de chatices e coisas feias fica tão gigante quando pode tocar algo lindo e puro como você, que sufoca, esmaga e estraçalha. Me perdoe pela loucura que é algo tão pequeno precisando de amor e ao mesmo tempo algo tão grande que expulsa o amor o tempo todo. Eu sou uma sanfona de esperança. Eu tenho estria na alma.
Enfim. Cansei de pedir desculpa por quem eu sou. Cansei de ouvir de todo mundo como é que se trabalha, se ama, se permanece, se constrói. Você vai embora e eu vou voltar para as minhas manhãs com o iogurte que eu odeio mas que é a única coisa que passa pela garganta quando o dia tem que começar. E ficar me perguntando de novo para quem mesmo eu tenho que ser porque só tem graça ser para alguém. E que se foda o amor próprio.
Você me disse e me olhou de formas terríveis mas o que sobrou colado em cada parte do dia e de mim é a maneira como você sorri levantando que nem criança o lábio superior direito e como eu gosto de você por isso e por tudo e mesmo quando é ruim e sempre quando é incrível e ainda e muito e por um bom tempo.



Tati Bernardi

02 setembro 2011

Ama(o)r

Eu te amo.
Escreva um texto de 20 a 30 linhas sobre o significado dessas 3 palavras enormes.
Jamais me peça o que eu posso fazer. Faça um pedido pra que eu te surpreenda, peça o desconhecido. Mas eu conseguirei, ainda assim, te surpreender com o óbvio que eu passo com meu olhar.
"Eu te amo" são apenas 3 palavrinhas que se resumem a um verbo: amar. Que são 4 letras de uma complexidade ininteligível. Amar é gostar de um simples piscar de olhos, é gostar do tom da voz, e não da marca do carro. É gostar do nariz dela sem descer o olhar, é mesmo no incômodo mexer em seu cabelo até o sono chegar. Amar não é analisar as curvas do corpo, tampouco o dinheiro na carteira. Amar é sentir que aquele abraço é único e aquela carteira foi você que deu de presente. É achar aquele cabelo assanhado, mal penteado, o mais charmoso do mundo, é olhar pra ele super suado e mal cheiroso e achá-lo mais bonito que Johnny  Depp. Amar é simplesmente se doar sem querer receber uma mísera recompensa. Amar é querer ver a semana inteira, e abusar no final de semana, mas querer passar a vida juntos. Amor é, naturalmente, um sorriso sincero. Amar não é se dizer 'importante', não só. Amar é ser importante, mas mais que isso, é ser essencial. É fugir do sentimento, porque não existe nada mais bucólico do que ser dois em um. É dar seu ombro já oferecendo o outro. Amar é querer a felicidade do outro um pouco mais do que a sua. Dessa forma, a sua felicidade se encontra, concorda? É tudo uma questão de raciocínio. Mas o amor não. O amor nem no raciocínio a gente entende. Resolver uma equação matemática é muito mais fácil e mais rápido. Mas eu quero ver você quebrar a sua cabeça para entender e resolver o que se passa dentro de você. Quero ver mesmo você louco sem saber o que fazer, porque 'meu Deus, eu nunca senti isso antes'. Quero ver exatamente como você vai reagir vendo alguém que você ama indo embora. Dependendo da sua reação, isso é amor. Porque amor não é dizer "eu te amo" a cada minuto, é simplesmente ter medo de pronunciar esse palavrão. Mas também ter completa coragem de dizê-lo sem ao menos esperar um "eu também". Amar não é tão fácil assim como você imagina. Fácil é se apaixonar e desapaixonar. Quero ver você deixar de amar da noite pro dia. Se deixou, eu sinto muito te informar, você não amava. E quem sou pra te dizer isso, não é? Me desculpa, eu exagerei. Mas é que amar não é tão simples assim. Amor não é um texto de 30 linhas e também não é esse 'eu te amo' que eu te disse. Amar é dá apoio mesmo sem demonstrar, mesmo escondidinha ali mesmo. É ajudar, é ouvir, é chorar junto mesmo sentido tudo doer por conta disso, sentindo a distância bater. É ter uma certa preocupação, nunca exagerada. É sentir ciúmes, sentir medo de perder e acabar perdendo. Amar é nada mais que deixar ir, mesmo querendo que fique. É acenar com um 'tchau' que mais parece um 'adeus'.


Dani Fechine

01 setembro 2011

Triz

Eu quase consegui abraçar alguém semana passada. Por um milésimo de segundo eu fechei os olhos e senti meu peito esvaziado de você. Foi realmente quase. Acho que estou andando pra frente. Ontem ri tanto no jantar, tanto que quase fui feliz de novo. Ouvi uma história muito engraçada sobre uma diretora de criação maluca que fez os funcionários irem trabalhar de pijama. Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, como eu queria contar essa história para você. E fiquei triste de novo. Hoje uma pessoa disse que está apaixonada por mim. Quem diria? Alguém gosta de mim. E o mais louco de tudo nem é isso. O mais louco de tudo é que eu também sinto que se quiser, também posso começar a gostar dele. Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém me lembra você. E fico triste novamente. Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente te visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa nunca, mas quase passa todos os dias. Chorar deixou de ser uma necessidade e virou apenas uma iminência. Sofrer deixou de ser algo maior do que eu e passou a ser um pontinho ali, no mesmo lugar, incomodando a cada segundo, me lembrando o tempo todo que aquele pontinho é um resto, um quase não pontinho. Você, que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. Um quase que não me deixa ser inteira em nada, plena em nada, tranquila em nada, feliz em nada. Todos os dias eu quase te ligo, eu quase consigo ser leve e te dizer: “Ei, não quer conhecer meu novo corte de cabelo?” Eu quase consigo te tratar como nada. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca. Eu quase consegui te amar exatamente como você era, quase. E é justamente por eu nunca ter sido inteira pra você que meu fim de amor também não consegue ser inteiro. Eu quase não te amo mais, eu quase não te odeio, eu quase não odeio aquela foto com aquelas garotas, eu quase não morro com a sua presença, eu quase não escrevo esse texto. O problema é que todo o resto de mim que sobra, tirando o que quase sou, não sei quem é.


Tati Bernardi