18 agosto 2012

Grave amor, escreva amor

Eu aprendi o que é amor. Ter, não possuir, ser, querer e ir. Tudo isso é amor. Não se encontra nos casais, nem nos bancos da praça. Você não deduz o amor por um simples casal de namorados, ou marido e mulher felizes. O amor é mais simples e mais bonito que isso. Ele está no lápis que você guardou, nas cartas que você ainda tem, seja de um namoradinho dos seus 7 anos, seja da sua melhor amiga. O amor está no caderno que alguém querido deixou um recadinho, simples, mas que te traz uma boa sensação. Ele também se encontra no colar que você ganhou de presente e que não tira do pescoço. Parece uma espécie de amuleto da sorte. Te faz tão bem, que é amor. O amor é a falta também. Digo e repito nos mil textos que escrevo, que pra ser amor é necessário sentir saudade. E não há nada pior na vida do que sentir a falta de alguém. Seja ela amiga, namorado, parente distante, ou alguém que já morreu e que nada mais consegue preencher. Sentir falta é mesmo muito, muito ruim, mas isso não tem fim. Sentir saudades é o ápice do amor. É amar mesmo sem saber. É amar algum detalhe, algum gesto, não necessariamente uma pessoa. Porque amor não é só carnal, não é só humano. No dicionário, amor significa afeição por alguém ou por alguma coisa. Amar ao próximo. Zelo, dedicação. Nada disso está errado. Só pecou quando definiu. Amor não se define. Amor é um sentimento, e sentimento a gente sente. Amor é contradição, é ódio, é querer estar lá mesmo não indo, é saber descrever o sentimento, mas não saber nomear. Nas histórias românticas, amar significa sofrer. Romeu e Julieta, Tristão e Isolda. Em grande aflição eles se apaixonaram, ou seja, quem diz que está apaixonado, quer dizer que está sofrendo por amor, e o pior: está gostando de sofrer. Mas Tristão não amava Isolda. Amava o que Isolda fazia ele sentir. É assim com todo mundo, não adianta discutir. E amar, acima de tudo, é ser. É saber quem você é, é se conhecer, olhar para o espelho e achar que você é, ainda assim, o melhor pra você. E não vai haver quem te ame tanto quanto você mesmo. Antes de amar alguém, antes de venerar algo, é preciso conhecer o amor próprio. Mas o amor é iminente, é escandaloso, rasteiro e silencioso. Amor não avisa quando chega, não bate na porta, não pede licença. Ele simplesmente te causa. Te muda, te transforma. O amor simplesmente chega. E por fim, o amor não está no coração. Ele está em você. Amar é muito mais que palpitar o coração, sentir frio na barriga, corar o rosto. O nome disso é paixão. Amar é sentir-se bem, querer uma companhia, é sentir saudade de um abraço e de um "tudo dará certo". O amor pode ir de encontro à você. Ele pode simplesmente de surpreender. O amor está na falta. Eu aprendi a descrever o que é o amor. Mas que absurdo seria se eu viesse a defini-lo.

Dani Fechine

12 agosto 2012

Transformando "ouro" em "orgulho"

Eu queria conseguir escrever a sensação de satisfação, amor, emoção e orgulho. É mais fácil deixar lágrimas cair do que do que tentar definir o que a gente sente quando ganha algo muito bom. Meu amor pelas seleções de vôlei sempre foi imensamente grande. Sempre doeu meu coração só em perder um jogo na TV, sempre dói em mim quando alguém se machuca, quando perdem o jogo, ou quando algo dar errado. Quando o saque vai na rede eu penso forte "no próximo ponto recupera, vamos lá!". Eu nunca penso que não dá mais. Eu acredito na vitória até o apito final. Eu acredito que sempre venceremos. É um amor inexplicável. Inútil para alguns, com certeza, mas de valia enorme pra mim. Porque não há paixão nenhuma que não te traga coisas boas e a admiração que eu sinto por cada jogador e jogadora, e por cada técnico (vale ressaltar que são os melhores do mundo), me faz transformar tudo isso em amor. 
Nessas Olimpíadas foi diferente. Eu só pude confirmar esse sentimento sensacional. No primeiro jogo dos meninos meu coração já foi a mil por hora. Eu não sabia se torcia, se gritava ou se ficava esperando o jogo acabar. Com as meninas, da mesma forma. Há sempre algo que me puxa pra TV. Depois que eu li o livro que Bernardinho escreveu - Transformando Suor em Ouro - eu me encantei ainda mais. Essas últimas semanas foram de pura aflição. Cada jogo difícil para eles e elas eram difíceis pra mim também. Difícil porque ficava incerto. Mas eu nunca cobicei a medalha de ouro. Eu só queria vê-los jogar. Vê-los dar um show, mostrar o que é um jogo de verdade com arte e ousadia. Eu só queria assisti-los, prestigiá-los e homenageá-los com minha emoção. Eu fiz tudo isso. E eu comemorei cada ponto marcado.
Nessas finais eu fui a loucura.
Primeiro veio a final do feminino. A campanha tinha sido boa, vá lá. Mas o primeiro jogo com as vilãs norte-americanas não tinha sido a nosso favor. Perder de 3 sets a 1, com uma muralha na rede, foi difícil superar. Mas algo confortava. Há quatro anos atrás o flashback rolado neste sábado, se iniciava. Brasil e Estados Unidos na final das Olimpíadas. Nós ganhamos. Campeãs olímpicas, com toda garra e força que aquelas guerreiras têm. 2012 era o ano novamente. E quando as meninas entraram em quadra, quando cada nome foi sendo anunciado e o time sendo formado, eu fui me arrepiando completamente, fui sentindo um frio enorme na barriga. Parecia que eu estava na quadra. Foi de um nervosismo inexplicável. E aí eu vi o Brasil perder vergonhosamente no primeiro set, eu vi Sheilla errar todos os seus ataques, vi Thaisa parar na rede, Fabi perder todas as bolas de recepção e vi Jaque errando saque como se nada estivesse em jogo. Mas eu dizia a mim mesma que era apenas ansiedade de uma final dejá vu. E foi. O Brasil mostrou com categoria o que é uma seleção olímpica. Aí sim, o jogo mudou de lado. O Brasil simplesmente destruiu Hooker. Garay conseguiu substituir Paula Pequeno com perfeição. Virou todas as bolas. Dani Lins não mais errou seus toques de levantadora e conseguiu passar a bola perfeita para Sheilla e Jaque fecharem o jogo. Elas deram show. Massacraram com seus sorrisos de satisfação, de quem lutou muito para chegar até alí, sorrisos de cansaço, dor e alegria. E ganharam. Ganharam com a mesma pontuação que haviam perdido na fase eliminatória. Que ironia. E então eu vi Zé Roberto ser tri-campeão olímpico. Vi Fabi chorar com seu bi-campeonato olímpico. Vi o olhar de gratidão de todas as jogadoras e de todas as equipes quando tiveram a atitude belíssima de se ajoelharem e agradecerem a Deus. Eu quis estar lá. Mas eu chorei daqui. Eu nunca vi pódio mais animado que esse. Tirando as caras frias e amarradas das jogadores norte-americanas, eu só vi alegria e respeito. Tudo deu certo. O ouro foi nosso. E o mais importante aconteceu; eu torci até o fim, gritei e chorei até a última bola em quadra, e mesmo derrotadas eu estaria alí, na frente da TV prestigiando toda a premiação. Sigam em frente. Vocês são as melhores do mundo. Valeu Zé Roberto, valeu meninas.
E como se não bastasse minha alegria derramada em lágrimas no sábado a tarde, os melhores do mundo resolveram também pisar em quadra pra disputar mais uma final. Eu não podia imaginar uma derrota. Afinal, o jogo contra a Rússia uma semana antes foi de uma facilidade incrível. O nosso adversário (clássico) das semi-finais, os temidos italianos, foram derrotados com classe. Mas eu estaria pronta pra ver a Rússia jogando com tudo que sabia. Eu estava pronta pra ver o jogo mais difícil das Olimpíadas. Me enganei, em partes. O Brasil jogou seus primeiros minutos como quem realmente tem o melhor do mundo na equipe. Virou bolas espetaculares, bloqueou o mais alto que conseguiu. O indestrutível Mikhaylov parou na rede brasileira e na muralha chamada Serginho. Parecia um jogo fácil. Todos esperavam os três sets a zero. E aí, com um Brasil invencível, o técnico russo foi para o tudo ou nada. Colocou Muserskiy como "ponta" e parecia até uma escolha desesperada. Superou todas as expectativas de Bernardinho e da equipe brasileira. Muserskiy destruiu a rede adversária. O invencível Mikhaylov se tornou pequeno na frente de Muserskiy. A muralha brasileira desmoronou. A experiência de Giba entrou em quadra, mas nem isso adiantou. O nervosismo foi maior que a garra de virar o jogo. A vontade de ser bicampeão para uns e campeão para outros, se juntou a ansiedade de terminar o que já estava escrito e ganho. E foram lá com toda sua sede ao pote.
O Brasil fez o seu melhor. O Brasil foi o seu melhor. O Brasil foi o melhor do mundo. E eu chorei a cada virada da Rússia. Eu derramei milhares de lágrimas a cada set perdido e chorei como quem perdeu alguém querido, quando o apito final soou. Choro de tristeza. Ver Bernardinho chorando na entrega das medalhas, Murilo e Sidão abaixando suas cabeças no pódio, Rodrigão (e outros) se despedindo de um vida inteira imbatível e Bruninho se aguentando para não explodir com sua vontade tão grande de sempre vencer, foi de partir o coração do torcedor. Eu quis estar lá e gritar para todo mundo ouvir que eles ainda são os melhores do mundo e a torcida brasileira jamais abandona. Eu me orgulho de todos eles. Eu me orgulho também dos que não puderam ajudar tanto. Vissotto machucado, mas com sua campanha belíssima e sua vontade enorme de mudar o jogo, e Gustavo, assistindo tudo por uma tela mas torcendo mais do que qualquer outro brasileiro. Eu admiro vocês. Mas o que a gente viu foi um jogaço de empate onde no final alguém tinha que se sobressair. Infelizmente não fomos nós. Mas eu choro daqui e sorriu também, esperando e desejando que chegue o mais rápido possível as Olimpíadas de 2016, porque não importa quem vença, quem perca, quem chore ou sorria. O importante será ver a maioria de vocês novamente, lutando com toda garra e força para conseguir o ouro. E se não conseguirem novamente, eu vou estar aqui pra dizer que TUDO valeu a pena e que pra mim você são os ouros mais importantes para um Brasil como o nosso.

Dani Fechine

11 agosto 2012

Para todo mundo ler


Se um dia na sua vida você tiver que saber quem na vida mais te amou,  quais foram as pessoas que mais te amaram de verdade,  é só descobrir as pessoas que mais te perdoaram. 
 Uma matemática fácil de ser feita, porque, na vida, nós só temos o direito de dizer que amamos depois de muitos outras vezes termos precisado perdoar alguém. Que o amor é justamente o momento em que você descobre o outro fazendo tudo errado, tudo ao contrário do que prometeu e, mesmo assim, você ainda tem reservas, aí dentro, pra trazê-lo de volta, pra olhá-lo nos olhos no momento em que ele não merece, pra desconcertá-lo com seu perdão no momento em que ele espera sua acusação;  e nisso Jesus era mestre.
Da mesma forma, se você quiser saber quem você mais amou, é só começar a contar nos dedos às pessoas que você mais precisou perdoar,  porque o amor não existe fora do perdão. Se essas pessoas que dizem que te ama só porque você faz as coisas certas. Cuidado! Porque no dia em que você não conseguir fazer tudo certinho e ele te dispensar, fica triste não! É porque nunca te amou.
Há relacionamentos que acabam no primeiro momento de fraqueza. Nunca foi amor! Amor é essa capacidade heróica que nós temos, que foi dada por Deus, e que a gente alimenta à medida que a gente vive, de ser capaz de ajudar o outro a ser melhor. 
Às vezes, nós achamos que para amar o outro tem que ser perfeito. Isso não é amor, isso é admiração! Não faça dos seus afetos apenas uma admiração pelos outros!  Eu até costumo dizer, costumo radicalizar. A gente só sabe que ama à medida que o outro é inútil pra nós. É inútil, não serve pra nada, e, no entanto, eu não sei viver sem ele na minha vida. Quando é inútil pode envelhecer do lado, porque a relação já não passa mais pela utilidade.
Enquanto você espera alguma coisa do outro, corre-se o risco de ainda de não ser amor. Amar é você descobrir que o outro não serve pra nada e, no entanto, você não sabe ser você se ele não estiver do lado; já não está mais na estância da utilidade, mas é do ser, eu já não consigo dizer meu nome sem dizer o seu junto. Por isso a gente é capaz de perdoar, se não é capaz de perdoar é porque não é amor.
Eu não aprendi isso nos livros. Aprendi isso na minha casa. Nasci numa família de muita dificuldade, muito sofrimento, foi muito difícil ser gente lá dentro, mas valeu à pena. E por isso eu aprendi que Deus é assim, que Deus não se cansa de nós, que Deus continua com a porta aberta, porque, quantas vezes nós precisarmos da sua misericórdia, Ele estará sempre pronto pra nos perdoar. Porque Deus não sabe fazer outra coisa senão nos amar.
Deus não sabe fazer outra coisa senão nos olhar nos olhos e nos dar uma nova oportunidade, porque Ele nos ama de verdade, Ele nos ama de fato, e quando a gente acredita no amor do outro, nós não desconfiamos dele. Eu posso ser o pior dos homens e você também pode ser o pior dos homens, a pior das mulheres, mas, pelo amor de Deus, nunca desacredite que Deus ama você.
Não é o que nós fazemos de certo, ou o que fazemos de errado que vai fazer com que Deus nos Ame mais ou nos Ame menos. Não! Esse é o amor humano e ele é mesquinho assim.
Eu me recordo que uma vez, nós fomos chamados lá em casa porque o meu pai estava muito embriagado no centro da cidade, tão embriagado que não conseguia voltar pra casa. E naquele momento quando chegamos lá, havia chovido, e o meu pai estava caído na sarjeta, todo sujo de lama. Naquele momento eu senti uma vergonha danada. Era um menino pequeno. Tinha medo e vergonha de que os meus amigos pudessem ver o meu pai caído daquele jeito.
Hoje, depois de tanto tempo já vivido, e meu pai já ter falecido, eu descubro que aquele sentimento que eu tinha, não era um sentimento de vergonha. Era um sentimento de indignação. Porque indignação brota do amor, a vergonha não. Você fica indignado quando você ama, porque você vê a pessoa no lugar errado, é o mesmo que Deus fica quando nos vê na sarjeta também, nos momentos em que vê que a nossa dignidade está maculada, está escondida. Ele não sente vergonha de nós, mesmo quando estamos no pecado, Ele se sente indignado só, de ver um filho que Ele criou, que Ele pôs no mundo, e de perceber que ele não está conseguindo ser feliz.
Hoje, minha gente, se eu pudesse voltar no tempo e reencontrar meu pai nem que por cinco minutos, eu gostaria de dizer a ele aquilo que eu aprendi na teologia e que a vida foi me ensinando também - Meu pai, na minha vida eu te amei, não foi por aquilo que o senhor fez de certo nem deixei de amar pelo que o senhor fez de errado, na minha vida, eu te amei por uma única razão, tu és o meu pai. Me dando orgulho, chegando do trabalho, tu és o meu pai. Me pegando no colo, trazendo alegria, me amando, tu és o meu pai. Mas, caído na sarjeta, continuas sendo o meu pai, porque entre o meu coração e o teu há um elo de significado que nenhum erro pode apagar. Eu não consigo esquecer que tu és o meu pai, mesmo quando tudo está dando errado. 
É aquela mesma história, daquela mulher que estava parada na casa de detenção, em Taubaté, Presídio de Segurança Máxima. Quando alguém chega perto dela e pergunta: - O que que a senhora veio fazer aqui? E ela disse: - Eu venho ver o meu menino.
O “meu menino” é um dos presos mais perigosos do Brasil. Para mim e pra você. Porque para aquela mulher continua sendo o menino dela.
Isso é o significado, isto é amar mesmo na inutilidade, é a gente nunca esquecer do significado que o outro tem pra nós. Às vezes, nós somos assim, deixamos de amar os pais da gente por aquilo que fizeram de errado.
O seu pai pode ter sido um fracassado como seu pai pode nunca ter causado orgulho ao seu coração, mas nunca se esqueça! Mesmo fracassado, ele é o teu pai. Não pode morrer sem olhar nos teus olhos e sem descobrir isso. 
Às vezes, nós amamos as pessoas e deixamos de amar muito facilmente. Não permita que isso aconteça com você! E nem permita que o teu coração caia no descrédito no momento que você não consegue acertar. Você é muito mais do que isso!
Quem gosta de condenação é o Diabo. Ele que fica parado nas esquinas da nossa vida,  nos fazendo olhar para o passado e nos acusando daquilo que passou, daquilo que a gente não deu conta.  E você está assim de representantes do Diabo na sua vida, de pessoas que te acusam todas as horas. Esses nem tem feriado pra eles. Estão de plantão o tempo todo, para nos desanimar, para colocar em nós uma imagem negativa sobre nós mesmos. Pessoas que nos fazem piores do que somos.  Estes são os mandantes do demônio o tempo todo. São os falsos amigos, querem nos ver eternamente caídos na sarjeta, e que sempre têm uma condenação a mais pra nos oferecer.
Eu não quero ser uma pessoa assim, nem gostaria que você fosse. Porque enquanto o Diabo fica parado mostrando o que a gente não fez ou o que a gente fez de errado. Deus segura na nossa mão e nos faz olhar pra frente e só nos diz assim: - Olha só o que você ainda pode fazer de bom! Ao invés de ficar parado ao que você não conseguiu, prenda-se, ao que você ainda pode fazer.
Você pode ter sido um péssimo filho até o dia de hoje e nunca ter amado seus pais pelo significado deles, mas você pode amar a partir de hoje. É só olhar o significado e esquecer um pouco os defeitos!
O casamento pode está degringolado por causa disso. Esqueceram o significado que um tem pro outro.  Começaram a se odiar por aquilo que os outros faziam de errado.  Não! É Deus que nos fala, que Ele ainda espera por nós.
E se Deus ainda espera por você, quem sou eu pra não esperar agora? Se você que é pai, sabe que Deus ainda espera pelo seu filho, quem é você pra não esperar agora? Se Deus ainda acredita no seu filho, mesmo perdido nas drogas, mesmo caído na prostituição, se Deus ainda acredita nesse menino e nessa menina, quem é você pra duvidar agora? E se hoje Deus pudesse, quem sabe, ou ser surpreendido por você, eu tenho certeza que Deus olharia pra nós e nos chamaria assim: São meus meninos!
Eu olho pra você e não quero ver outra coisa, senão, meninos e meninas de Deus, que Ele ama, que Ele tem predileção e que Ele não se cansa nunca.
Você vale à pena!  Ainda tem jeito pra você. Porque Deus ainda acredita em você!

Padre Fábio de Melo

04 agosto 2012

Bom, ruim

Decisões, sonhos, futuro, são palavras que automaticamente remetem o "adeus". Nunca haverá uma escolha, sem que haja uma desistência, nunca haverá a realização se não houver um sofrimento e nunca haverá o amanhã se o ontem ainda existir. Muito fácil pensar , imaginar, viajar nas suas imagens, nos lugares que você quer ir, nos livros que você quer escrever, no curso que você quer fazer, na família que você quer ter. Isso tudo é muito fácil, e venhamos e convenhamos, é um prazer imenso. Difícil mesmo é ir atrás. Dar adeus a tudo que te prende, tudo que te impede, tudo que te distrai. Dar adeus aos outros. Porque seus sonhos e suas metas não dependem de ninguém, além de você mesmo. Ninguém saberá o que fazer, se você não souber. E não adianta palavras sábias, conselhos amigáveis, ou um abraço que fala "você vai conseguir". Porque se você não confia em si mesmo, tudo isso se torna inútil. E então você some um pouco, até mesmo por obrigação, por consciência, por medo até. E se torna cada dia mais difícil ver os outros mais felizes que você, mais amigos que você, sendo felizes da mesma forma como era com você. Cada dia se torna mais difícil perceber que você gritou um "help" para o mundo e ninguém ouviu. Torna-se complicado voltar à vida quando a saudade é só sua. Quero dizer que é difícil e triste não sentir reciprocidade. Mesmo quando a gente fala da "falta", da ausência. E aí você foca em si, se congratula, se cobra, deve a si mesmo, e segue. E não há ninguém nessa vida que entenda o esforço que você faz, não há quem entenda o que você quer ser, o que você sonha todos os dias. Mas há quem te empurre pra baixo, quem de desencoraje, quem te meta medo de verdade. Há nesse mundo quem não te queira o bem. E quem não te entende, você encontra de monte. Difícil também é olhar para os seus próprios passos. Ver os rastros que deixou, as marcas que foram se apagando e algumas manchas que jamais foram limpas. Mas a gente encontra também alguns anjinhos, umas criaturas inocentes, decentes, complacentes, e terrivelmente bondosas, gentis, engraçadas. E a gente pensa em como, durante quase 10 anos da sua vida, você pôde não se tocar sobre a importância que eles te causaram. E você para pra pensar e fala sozinho: "Poxa, só podem ser uma segunda família." Pessoas que estão contigo dia e noite, literalmente, e não se cansam de você. Te entendem, te conhecem, sabem te fazer rir e chorar, sabem te estressar, te acalmar. Eles te conhecem, eles sabem ser você também. Eles não te deixam.
Mas agora você parece se esgotar, você parece estar saturada de tanto coisa, tanta gente, tanta preocupação, tanto medo, ansiedade, tantas letras e números, tantas aulas, tantos livros. Eu quero jogar a caneta fora, quebrar a ponta do lápis, queimar meus cadernos, e comemorar. Eu quero chorar de alegria por amigos queridos, que têm sonhos bem maiores que os meus, quero chorar por mim. Quero chorar por ter conseguido, por ter chegado até o fim, pelo menos. Quero sorrir de alegria, fazer tudo o que eu não fiz, tudo que eu perdi, tudo que eu quis e não pude. Eu quero sorrir por estar de volta ao tempo. Mas agora eu quero ir atrás. Não tenho tempo pra saudades. Meu tempo é pra sonhar. E já dizia um querido: "Bom é sonhar, realizar não é tão bom, mas ruim mesmo é não realizar."

Dani Fechine