31 agosto 2011

#BlogDay

Existem pessoas que não têm a menor dificuldade de se expressar verbalmente, oralmente. Existem pessoas que veem isso como um obstáculo. Essas procuram uma forma, a melhor forma, de apresentar suas palavras. E escolhem os textos. Alguns chamam isso de timidez ou até mesmo de "covardia, outros chamam de poesia. Escrever é muito fácil, basta se concentrar. Não há obstáculo algum em fazer hoje o que você aprendeu há anos atrás. Só há um 'porém' que diferencia as pessoas que escrevem com aquelas que optam escrever. Jogar em um texto o que você queria dizer com a boca é de uma coragem enorme. Porque você escreve mais do que falaria, e consegue, diferenciando-se assim de todas as outras pessoas, escrever os sentimentos. Não opto pela escrita para me livrar do diálogo. Escrever sentimentalmente vai muito além disso. É uma forma de estar bem consigo e também é um auto-entendimento. Quem faz o mesmo que eu entende. Quem ler, é outra história. Pensam diversas coisas, interpretam da forma que querem e como bem entendem. Não tiro razão nenhuma. Um texto é publicado e o entendimento fica a mercê de quem lê. Quem escreve sabe, apenas, o seu real sentido. Mas ninguém nunca o entenderá perfeitamente. Nem você mesmo, no futuro. Um texto é escrito, na maioria das vezes, em um momento de plena felicidade ou completa tristeza. Amanhã até você que escreveu não entenderá o real sentido dele. O Blog é uma salvação para os apressados mentalmente (um blog como o meu, claro). Não vejo a necessidade de criar um site assim apenas para explodir todos os dias. Aliás, o Microssoft Office World está ao nosso dispor [também] para isso. Mas quantas pessoas eu já ouvi falar: "Os textos da Dani Fechine me ajudam tanto." É uma forma de compartilhar sentimentos, alegrias e tristezas, e ao mesmo tempo aconselhar, ajudar. É uma forma de indiretas também, concordo. Mas isso fica no último item da lista dos motivos da escrita. Escrever é como uma necessidade. É como a água, que se você passa muito tempo sem beber, desidrata, ou morre. Escrever é muito fácil, quero ver você jogar seus sentimentos em um texto. Já dizia Tati Bernardi: "Escrever para não explodir. Escrever para explodir os outros. Escrever para não implodir. Escrever para explodir o resto."

E obrigada a todos os meus fieis visitantes e seguidores, que leem e aguentam todas as minhas crises de explosões. Sem vocês... Eu continuaria tendo um blog.  

Dani Fechine

30 agosto 2011

Poema anjo


Hoje eu acordei mais cedo          
E fiquei te olhando dormir
Imaginei algum suposto medo
Para que tao logo
Pudesse te cobrir
Tenho cuidado de voce
Todo esse tempo
Voce esta sob o meu abraço
E minha proteçao
Tenho visto voce errar e crescer
Amar e voar
Voce sabe onde pousar
Ao acordar ja terei partido
Ficarei de longe, escondido
Mas sempre perto decerto
Como se eu fosse humano, vivo
Vivendo pra te cuidar, te proteger
Sem voce me ver
Sem saber quem sou
Se sou anjo
Ou se sou
Seu amor
Afinal, quem eu sou?
Seu anjo ou seu amor?
Tenhos asas?
Anjos protegem, cuidam
Aparecem invisiveis
Humanos tambem
Quando amam
Quero dizer
Que ja nao importa
Saber de onde venho
Se tudo que sou pra voce
E amor
E se ainda assim
Quiser voar
Te levo comigo
Te mostro as estrelas
Outros alados, Deus
A vida celeste
Depois voltaremos pra casa
E mais uma vez humanos
Nos amarmos
Ate morrermos
Pra dizer que é seu o anel
Sou o seu amor na terra
E seu anjo no céu.

Banda Eva

29 agosto 2011

Vinte e nove (29)

Hoje é dia 29. Sim, um dia importante. Seria. Hoje eu lembrei de você mais do que ontem. Eu lembrei que você poderia achar que eu ficaria com raiva se a gente não olhasse um pro outro, porque 'minha nossa, hoje a gente completaria X meses'. Você estava tão errado em pensar isso. Hoje eu abri aquela caixa que já foi nossa e hoje ela é apenas minha, hoje ela é apenas uma fonte de recordação. E será sempre, infelizmente. Sabe quando você disse que a jogaria pela janela? Você me disse isso ontem, brincando, me fazendo lembrar da fez que a mostrei pra você. Se você jogasse seria tão mais fácil. Aliás, se eu jogasse seria mil vezes mais fácil. Mas não. É como alguém muito importante me disse uma vez: "São tantos anos que a gente tem até pena de deixar pra trás." E ela vai ficar aqui guardadinha, juntamente com as outras caixas. Sinta-se privilegiado: Você é o único que tem uma caixa exclusiva. Ficará ali pra sempre, como aquela almofada que durmo todas as noites. Ela ficará guardada juntamente com as lembranças que eu não posso, nem querendo, jogar pela janela. Ficará guardada como ficam as brincadeiras que você faz, as lembranças que involuntariamente fazemos um ao outro. É muito tempo de convívio, e tem momento que eu percebo que já vivemos muita coisa juntos. Eu percebo não, eu tenho completa certeza disso. Não sei se é só comigo, não sei se sou a única, mas quando alguém me conta uma história ou alguma notícia, quase sempre me vem a mente: 'Fulano já me contou isso uma vez.' 'Ah, isso é a cara de Fulano.' 'Fulano fazia assim, assim e assado.' É complicado jogar isso tudo pela janela, quando o mundo inteiro resolve comprar fechaduras. É complicadíssimo quando alguém quer que você siga esquecendo, siga olhando para o que ele está fazendo e não para o que você deveria fazer. É difícil quando alguém resolve te ajudar, só que acaba te machucando, mesmo sem saber. É bastante difícil, nessa situação, ouvir certas coisas, certas notícias. Sabe o que é fácil e difícil ao mesmo tempo? Ver você sorrir com nossas próprias brincadeiras, nossas encrencas. É muito fácil mas muito difícil também te ver ali parado, eu sentada ao lado e não poder fazer exatamente nada, além de sentir saudades de te abraçar naquele momento. É, olhando bem não tem nada de fácil nisso. É estranho sair com você novamente e sentar no banco da frente, é muito estranho mesmo. E mais estranho ainda é me despedir de você com um chutinho no pé, dizendo: 'Até amanhã.' É muito bom ainda está nos mesmos lugares que você. É ruim também, confesso. Mas eu te peço que nunca se afaste. Eu lembro que você me fez uma promessa. Não a quebre, por favor. Perca essa mania de ir embora toda vez. E hoje, nesse dia 29, eu me lembrei de você de uma forma diferente. Eu me lembrei com uma saudade diferente dos outros dias. Me lembrei que não podia pegar o celular e te escrever algo. Mas que ironia, porque eu venho aqui e te escrevo isso tudo. Não se engane tanto, tenho esse pedido pra te fazer. Procura, ao menos dessa vez, descobrir respostas para sua vida. Procure saber o que quer. Ontem, numa conversa muita íntima com Deus, Ele me disse o que eu deveria fazer. Ele me disse pra seguir e esperar o que viesse a acontecer. Eu não sei, realmente, mais nada que poderá acontecer amanhã ou depois. Eu sei que eu posso me decepcionar, sei que eu posso também nunca mais tirar um sorriso do meu rosto. Ontem, Deus me fez chorar de alívio. E de saudade. Uma saudade dos mil anos que passamos juntos e do seu abraço em principal. Mas agora, hoje, guarda isso, eu amo demais você. E toma esse texto, o único lugar seguro e eterno pra gente.


Dani Fechine

26 agosto 2011

Apesar de... Lá está ela.


O amor platônico é o mais verdadeiro e bonito de todos, pois amamos sem pedir nada em troca. Amamos mesmo sabendo que o outro nunca nos amará. Amamos apenas.
“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”

Caio Fernando Abreu

24 agosto 2011

Paródia de conscientização


Sou panga
Eu bebo e me acabo
Não pego o meu carro
E nunca fui mutado

Eu... eu sou prudente
Um cara inteligente
Bebo e não mato gente
Um truta consciente

Alcoolizado, vou de alternativo
Pra casa de um amigo
Em Mangabeira V

Mas...mas não dirija,
Quando tomar birita
Pra não morrer na pista [pista]

Pra... Pra te enlouquecer
Pra te enlouquecer
Se a Lei Seca te pegar você não sabe o que fazer.

[Paródia da Música Sou Foda - Avassaladores]
Autoria: Dani Fechine, Bia Ramos, Getúlio Machado, Rhaira, Mayara, Thâmara, Gabi Albuquerque, Matheus Correia, e outros da turma do 2º ano da Escola Madre Tereza.

22 agosto 2011

Nostalgia rotineira


Hoje é um daqueles dias em que a saudade parece realmente tomar conta da gente. Final de semana, domingo/sábado a noite. A gente nunca pensa que vai dizer isso, mas acaba dizendo: "Que saudades da rotina!" E se passaram tão poucos dias, por que isso se propaga tão rápido? Eu acho que sei responder. É o simples fato de saber que as coisas não são mais as mesmas. Sabe água e vinho? As mudanças ocorreram assim. Sabe noite e dia? Elas apareceram assim também. E o ruim disso é que elas não vão embora da mesma forma. Custo a acreditar que é só uma viagem como a daqueles dias passados, e que você não deu as caras por conta das circunstâncias que não deixarem. Mas ai eu logo acordo do mero sonho que passa por minha cabeça em questão de segundos. Não, não é uma viagem. É mais uma daquelas realidades que estamos acostumados a passar. Sim, no plural, você sabe disso. Aquelas realidades que duram o tempo suficiente para sentirmos saudades e voltarmos a ser 'felizes'. Mas cada vez que isso acontece é uma sensação diferente. Agora eu posso dizer-te que eu tenho medo. Medo de ser diferente, sabe? Por incrível que pareça, eu prefiro a repetição. Por mais incrível que possa parecer, eu prefiro esperar você voltar e ter a certeza de que isso vai acontecer do que ser feliz nesse exato momento sem você. Mas as vezes eu prefiro pensar que isso não vai acontecer. Eu tenho medo das expectativas, porque eu tenho um medo ainda maior do que elas causam. Eu tenho medo de que você queira me contrariar. Eu tenho o maior medo do mundo quando eu penso em ter sido a última vez. Eu desabo quando eu lembro da gente, quando eu abraço aquela almofada, quando abro a "nossa" caixa. Eu não posso pensar em entrar numa sala de cinema sem a minha mão está na sua. Não, isso é ridículo, é feio. Já pensou? Eu entrar no cinema descompleta? Iriam olhar todos meio desconcertados pra mim. Imagine só, eu entregar o ingresso, ele me pedir a carteira de estudante [mas só se for naquele horário que a gente sabe que ele pede], e você não está ao meu lado pra ele fazer o mesmo? Já pensou que confusão daria na cabeça daquele moço? E imagine só, eu tô falando isso tudo, mas eu não tenho coragem de colocar aquele short que você não gosta só pra te provocar, pegar a minha bolsa grande que te encomoda ao andar e simplesmente entrar naquele lugar sem você. Já pensou que confusão eu criaria em mim mesma? Já pensou as lembranças que começariam a aparecer? Tipo aquela bem rotineira, quando você me entregava o seu ingresso porque sabia que eu iria guardá-lo para uma surpresa. Uma surpresa que hoje eu não sei mais se irá existir. E eu, que nunca pensei na vida em perguntar, hoje eu faço isso em todas as horas do meu dia: "E os planos que fizemos?"

[A foto faz parte do texto. Faz parte da nostalgia. Quem ler, quem ver, quem conhecer sabe.]


Dani Fechine

18 agosto 2011

Xarope Smelide





 Composição:
Deus -e tudo que Ele estiver presente
Sorriso -o máximo que puder/tiver
Abraço - um milhão de vezes
Lágrimas - até esvaziar o seu reservatório
Amigos -  infinito deles
Companhia - todas as horas
Filmes - os mais engraçados
E tudo aquilo abstrato que te faz bem.

Ação esperada do medicamento:
Smelide age no bloqueio da tristeza, mágoa, decepção, saudades [em alguns casos, apenas] e de tudo que te fez 'abaixar a cabeça diante das situações', causando a elIminação de pessoas e pensamentos que te causam algum mal estar, porém essas bactérias não são elminadas em imediato. Por isso, mesmo que alguns sintomas desapareçam, é necessário continuar a tomar o medicamente por toda a sua vida.

Cuidados de Armazenamento:
O medicamente deve ser mantido na temperatura que o seu corpo melhor se adaptar. Tudo estar para o seu bem estar. Proteger-se da luz ou se expor a ela será uma escolha sua. Não fará interferência no tratamento.

Prazo de Validade:
Sem prazo de validade.

Cuidados de administração:
O medicamente deve ser administrado antes de dormir, para ter sonhos melhores. Ao acordar, ingira 5ml para que seu dia te faça bem. Se achar que precisa estar ainda melhor, ingira mais 5ml. Mas não exagere. Tudo demais é veneno.

Reações adversas:
Informe ao seu médico o aparecimento de reações desagradáveis como: dores no abdômen, irritação nos olhos e ossos da face doloridos. A partir daí você exagerou na dose do medicamento.

TODO MEDICAMENTE DESSE NÍVEL DESSE SER MANTIDO PRÓXIMO DO ALCANCE DAS CRIANÇAS.

Contra-indicações e precauções: Smelide não deve ser utilizado em pacientes que não queiram ingerir o remédio, pois talvez não terá muita serventia. Prematuros e recém-nascidos durante as primeiras 6 semanas não devem administrar o medicamento, por ainda não apresentar nenhum dos sintomas em questão. Suspenda o medicamente apenas com o consentimento do seu médico ou de um farmacêutico após sentir as reações expostas na bula.

Indicações: É indicado no tratamento após a perda de um ente querido, saudades de pessoas que estão longe, decepções amorosas e também entre amigos. Caso estude muito e não consiga atingir a média na escola, Smelide é um bom remédio para curar a raiva que terá do professor. É o medicamente usado quando o estresse (doença que explica qualquer dor, segundo um especialista) surgir.

Dani Fechine

13 agosto 2011

Um bilhete pra você


"Quando o sol impedir sua visão, quando o mundo te disser 'não', olhe ao seu redor. Eu estarei com você, enfratarei a barreira que você tiver de enfrentar. Tentarei te fazer abrir os olhos diante da luz, e seguir caminhando na escuridão. O destino é mesmo muito perverso. Ele brinca com o nosso presente, e nos faz olhar pro passado. A gente ver quão boa são certas pessoas e quão grande é o coração. Queria sempre pessoas assim a minha volta. Pena que é quase uma espécie extinta da raça humana. Você é privilegiado por ser assim. Me disseram que há um tempo atrás a confiança era tudo. Na verdade, a confiança sempre foi tudo. O problema é que quando ela se acaba ou se perde, o tudo se quebra. E é bom saber que com todos os erros, pessoas olham pra você e se sentem seguras contando segredos e pedindo conselhos, despejando tudo como uma espécie de alívio. Olhe pro lado, eu estou aqui."
  
Dani Fechine


"Problemas vêm, soluções são prontamente encontradas e permanece o sentimento de que tudo sempre dá certo no final."

12 agosto 2011

Labirinto particular

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Entrei num labirindo, bem florido por sinal, não encontro a saída, e as luzes se apagaram. Talvez tenha arrancado algumas pétalas, ou melhor, algumas flores. Talvez seus cheiros tenham perdido a suavidade. Talvez as raizes, feias e cinzentas, tenham tomado conta do seu final, onde a luz seria a salvação. Enfim, o ambiente floral encontrado de início, secou. As folhas e pétalas agora caem, e fazem do labirinto algo sombrio, sem vida, sem cor e sem suavidade. Caso eu encontre a saída, te darei um sinal. Ai, cada pétala irá surgir novamente, as flores voltarão, e consigo, o verdadeiro amor que talvez nunca deveria ter saido do seu coração. Sem saída? Não. Algumas flores ainda permanecem vivas. Vá em direção a elas. Encontrarás o seu caminho, e se realmente é ele que procuras, seja a felicidade em forma viva. Não se preocupe. Também encontrarei o meu, e independente do seu, seguirei do jeito que deve ser.  Confeço que não saberei, talvez, encontrar a saída sem a sua presença. Mas sei que em direções opostas ou não, nos encontraremos no final. Não. Eu não tenho certeza de nada. E nem leve essas palavras para si. Elas são minhas, e só eu as entenderei perfeitamente. Não tente compreende-las. Talvez não as interprete como deve. Também não pense que será fácil após achar a saída. Um outro labirinto se criará, e Deus sabe como será sua decoração.

Dani Fechine

09 agosto 2011

Fora de questão

Tem horas que a melhor solução é simplesmente deixar as coisas rolarem. 
E foi assim que ela passou a frequentar os bailes a noite, as boates mais badaladas, as festas mais faladas. Foi assim que ela passou a vestir um vestido coladinho preto que parece mais um elástico enrolado na gente e saiu por aí como quem não é dona de ninguém. E realmente nunca foi. Foi depois disso que ela, muito linda e vistosa, alisou os seus cabelos, pintou as unhas de vermelho, entrou na academia e comprou um salto alto. Abandonou as sapatilhas. Quando isso aconteceu ela comprou uns short's jeans curtinhos, umas regatas e um biquine novo. Passou a frequentar mais a praia, mas aquela praia 'bem' frequentada, se é que entende. Ela mudou o seu olhar e o seu sorriso. Eles agora eram chamativo e indireto, respectivamente. Ela pintou o cabelo de loiro, mas aquele bem forte e falso sabe? Que parece água oxigenada mesmo. Deixou crescer bem muito pra ficar mais atraente e sedutora. Comprou umas lentes azuis, o rímel mais potente que existia na 'loja de maquiagem cara' e um batom vermelho. É, ela passou a usar batom. Fez uma feira de brincos novos, porque argolinhas e bolinhas já não estavam dando mais certo. Abandonou o tênis, esqueceu as calças jeans. Mudou o humor, mudou as piadas e a forma de entender as coisas. Agora ela está muito engraçada, sabia? Faz todos rirem do que fala e sabe como interpretar o que é dito de diversas formas. Ela não pega mais na mão de ninguém, só se for pra orar. Beijinho no pescoço não a pega mais, muito menos mordida na orelha. Depois que ele passou ela deixei de ser a meiga, que nunca teve nada de meiga mas era o que parecia, deixou de ser a chata, incompreensiva e menina quietinha. Passou a ser alguém que lhe notassem, e que pelo visto, lhe dessem menos valor ainda. Passou a não o ver mais, mesmo estando na sua frente e a ignorá-lo ainda mais quando dirigisse-lhe a palavra. Passou a vê-lo como mais um que passou. E depois disso tudo, ela ainda pode dizer que deixou de pensar em mudar tanto e continuou sendo a mesma de sempre. A mesma meiga, a mesma chata, a mesma simpatica e antipática, a mesma complicada e incompreensivas as vezes, a mesma que sente saudades mais do que qualquer pessoa. Ela ainda pode dizer que deixou de ser quem pensou que deveria ser e passou a ser quem sempre foi. Ela ainda pode te dizer que isso tudo foi só um texto ilustrativo e que foge totalmente da realidade. Ela não passou a usar batom, mas ficou com o rímel que comprou. Desistiu dos saltos, dos vestidos que todas têm e que se tornam tão iguais. Abandonou o pesadelo de pintar o cabelo e cortou-o como sempre quis. Pintou as unhas de vermelho, porque nenhum mal havia nisso. Não frequentou festa badalada nenhuma, ela nunca foi disso e nunca quis ser. Quando tudo isso aconteceu ela sentou, pensou, pensou e pensou tanto que resolveu levantar-se e esperar tudo passar, mas não mais sentada. Ela decidiu seguir como tava seguindo a uma semana atrás só que agora com uns obstáculos a superar. Ela decidiu, ainda que chorando muito, não fazer a própria vontade. E foi assim, depois disso tudo, que ela passou a ser grande. "Não se sinta esquecido", porque ela ainda não teve a coragem de o fazer.

Dani Fechine

07 agosto 2011

Confia em mim - Vida Reluz

Vem que a tempestade já não pode te abalar
A segurança em meu barco encontrarás
Confia em mim o meu amor te abrigará
Sei que angustiado o coração se endureceu
mas eu entendo tudo o que te aconteceu
Ainda é tempo de voltar para o teu Deus
Não tenhas medo pois eu estou aqui é o teu Senhor quem diz
Quero guiar os passos teus
Vem entrega-te então farei morada em teu coração
E quando anoitecer cansado eu te encontrar
No silêncio teu eu irei te consolar
Nos braços meus descansarás
Forças te darei

Forças te darei

06 agosto 2011

Faz de conta que não dói

Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. (Fernando Pessoa escreveu, num momento parecido, “hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu”). Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai aguentar, mas aguenta: as dores da vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo - é difícil de acreditar, eu sei - vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. Como cantou Vinícius: “É melhor viver do que ser feliz”. Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, eu sei como dói. Mas passa.Tá vendo a felicidade ali na frente? Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir, porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o unico jeito de deixá-la pra trás é continuar andando. Você vai ser feliz. Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto de agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que tô falando a verdade. Eu não minto, quando é pra ser.. não tem jeito, acredite! Vai passar.

Caio Fernando Abreu

05 agosto 2011

O Pequeno Príncipe

 


VII
"-Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões de estrelas, isso basta para fazê-lo feliz quando a contempla."
IX
"-É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas!
[...]
"-Não demores assim, que é exasperante. Tu decisdiste partir. Então vai."
X
"-Exato. É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar."
"-Tu jugarás a ti mesmo - respondeu-lhe o rei. É mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar aos outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio."

XXI
"-A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa. - Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas, como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
-Que é preciso fazer? - perguntou o pequeno príncipe.
-É preciso ser paciente - respondeu a raposa. - Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
-Teria sido melhor se voltasses à mesmo hora - disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três começarei a ser feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade."
XXVI
"O sentimento do irremediável me fez gelar de novo. E eu compreendi que não poderia suportar a ideia de nunca mais escutar aquele riso. Ele era pra mim como uma fonte no deserto."
"-O que é importante não se vê...
-Sim, eu sei...
-É como com a flor. Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é bom, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estarão floridas..."

O Pequeno Príncipe - Antonie de Saint-Exupéry