04 agosto 2012

Bom, ruim

Decisões, sonhos, futuro, são palavras que automaticamente remetem o "adeus". Nunca haverá uma escolha, sem que haja uma desistência, nunca haverá a realização se não houver um sofrimento e nunca haverá o amanhã se o ontem ainda existir. Muito fácil pensar , imaginar, viajar nas suas imagens, nos lugares que você quer ir, nos livros que você quer escrever, no curso que você quer fazer, na família que você quer ter. Isso tudo é muito fácil, e venhamos e convenhamos, é um prazer imenso. Difícil mesmo é ir atrás. Dar adeus a tudo que te prende, tudo que te impede, tudo que te distrai. Dar adeus aos outros. Porque seus sonhos e suas metas não dependem de ninguém, além de você mesmo. Ninguém saberá o que fazer, se você não souber. E não adianta palavras sábias, conselhos amigáveis, ou um abraço que fala "você vai conseguir". Porque se você não confia em si mesmo, tudo isso se torna inútil. E então você some um pouco, até mesmo por obrigação, por consciência, por medo até. E se torna cada dia mais difícil ver os outros mais felizes que você, mais amigos que você, sendo felizes da mesma forma como era com você. Cada dia se torna mais difícil perceber que você gritou um "help" para o mundo e ninguém ouviu. Torna-se complicado voltar à vida quando a saudade é só sua. Quero dizer que é difícil e triste não sentir reciprocidade. Mesmo quando a gente fala da "falta", da ausência. E aí você foca em si, se congratula, se cobra, deve a si mesmo, e segue. E não há ninguém nessa vida que entenda o esforço que você faz, não há quem entenda o que você quer ser, o que você sonha todos os dias. Mas há quem te empurre pra baixo, quem de desencoraje, quem te meta medo de verdade. Há nesse mundo quem não te queira o bem. E quem não te entende, você encontra de monte. Difícil também é olhar para os seus próprios passos. Ver os rastros que deixou, as marcas que foram se apagando e algumas manchas que jamais foram limpas. Mas a gente encontra também alguns anjinhos, umas criaturas inocentes, decentes, complacentes, e terrivelmente bondosas, gentis, engraçadas. E a gente pensa em como, durante quase 10 anos da sua vida, você pôde não se tocar sobre a importância que eles te causaram. E você para pra pensar e fala sozinho: "Poxa, só podem ser uma segunda família." Pessoas que estão contigo dia e noite, literalmente, e não se cansam de você. Te entendem, te conhecem, sabem te fazer rir e chorar, sabem te estressar, te acalmar. Eles te conhecem, eles sabem ser você também. Eles não te deixam.
Mas agora você parece se esgotar, você parece estar saturada de tanto coisa, tanta gente, tanta preocupação, tanto medo, ansiedade, tantas letras e números, tantas aulas, tantos livros. Eu quero jogar a caneta fora, quebrar a ponta do lápis, queimar meus cadernos, e comemorar. Eu quero chorar de alegria por amigos queridos, que têm sonhos bem maiores que os meus, quero chorar por mim. Quero chorar por ter conseguido, por ter chegado até o fim, pelo menos. Quero sorrir de alegria, fazer tudo o que eu não fiz, tudo que eu perdi, tudo que eu quis e não pude. Eu quero sorrir por estar de volta ao tempo. Mas agora eu quero ir atrás. Não tenho tempo pra saudades. Meu tempo é pra sonhar. E já dizia um querido: "Bom é sonhar, realizar não é tão bom, mas ruim mesmo é não realizar."

Dani Fechine

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"Aproveita que a melhor parte é de graça e feita com mais amor do que cabe em mim." (Tati Bernardi)