19 fevereiro 2012

Sofia ninguém conhecia

 
Essa vai ser mais uma de "Era uma vez". Por que não dá pra contar uma boa história sem lembrar das 3 palavras mais encontradas nos clichês passados.
Então... Era uma vez uma menina chamada Sofia, determinada, anormal [diziam as más linguas] e melancólica. Calma, irei explicar. Sofia sempre teve um olhar muito científico, sem levar ao pé da letra, mas nunca deixava de melancolizar as coisas. Nem que fosse em uma simples frase. Tinha seus sonhos e seus desejos, mas ninguém sabia de nenhum deles. Ela não acreditava no lado bom das pessoas. Imaginava que até mesmo os sonhos poderiam ser tirados de alguém, e ainda explicava como. "O pessimismo, a inveja e as 4 palavras 'você não vai conseguir' são apenas sons que te fazem mudar de ideia. É muito fácil você desistir..." Essa era a sua tese. E ela tinha força de que aquilo era verdade. Mas guardava os seus sonhos a sete chaves. Ela mesmo esquecia quais eram, até que eles se realizassem. Nunca desistia de nada, logo nunca ouvia ninguém. Sempre foi ela contra o mundo inteiro. Sempre foi ela e si. E, vá lá, não dar ouvidos a ninguém é um defeito e tanto. É ser prepotente demais, egoísta demais, sozinha demais. Não confiar em ninguém deve ser realmente uma tortura. Além disso tudo, Sofia nunca foi de escrever muito. Como falei, eram só frases jogadas, soltas nas páginas de alguns cadernos. O que a fazia ser ainda mais cheia de coisas só suas. Fico imaginando como seria sua imaginação. Sua cabeça devia ser cheia de coisas estranhas e mirabolantes. Daria pra ela escrever um livro de tantas coisas guardadas. Mas ela não escrevia nada. Ficava eu olhando de longe e imaginando que aquela daria uma boa história. Se eu conseguisse entrar nos seus pensamentos então... Daria texto pra mais de um ano. E que menina tosca, essa tal de Sofia. Se você a descrevesse todos a conheciam. E ela não conhecia ninguém. É uma mistura de popular com alguém que sofre bulliyng. Mas vamos lá, essa garota tinha que ter algo bom dentro dela. Bom no sentido de normal. E como um Sherlock Holmes disfarçado eu fui atrás de saber como, o porque, quando, o que... Fui em busca de todas as perguntas possíveis. Mas a dificuldade que todos tinha de interagir com Sofia era enorme. As vezes sinto pena dela, mas as vezes imagino como deve ser bom ser só você. Sofia era estranha, mas querendo ou não, demonstrava ser feliz. Tentei de todas as formas saber algo sobre ela, nem que fosse o paradeiro. Mas nem o perfil do Facebook eu encontrei. Com certeza ela deve está disfarçada por lá. Sem dúvida. Mas por que tanto mistério, tanto segredo? Por que será que Sofia se protegia tanto do mundo? E a resposta está aí. As pessoas só se protegem do mal. E o mundo já quis tirar tudo de Sofia. Ela não podia deixar que agora fosse-lhe tirado a vida pessoal, os sonhos e o que ela mais preservava, que era a sua personalidade. Todos queriam saber mais sobre Sofia, mas ninguém tinha uma boa intenção. Olhando bem, Sofia realmente tinha razão quando disse em um seminário apresentado na escola: "Vou me precaver do mundo, ele já se precaveu demais de mim." 
E essa foi a história de Sofia. Ela nunca contou nada sobre ela a ninguém, mas conseguia, mesmo com todo seu mistério, mostrar quem era com um simples olhar. Sofia era a estranha mais humana que já vi. Nunca conheci Sofia, mas me orgulho dela. 

Dani Fechine

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