16 abril 2011

Como o mundo vai acabar?


A indignação de muitos é bastante compreensível quando se abalam com esses acontecimentos trágicos que tomam conta do nosso país e das nossas vidas. São vidas jogadas fora e sonhos que perderam a oportunidade de se realizarem. O que leva um ser humano a invadir uma escola e matar inocentes? Escola foi feita pra estudar, tudo bem. Mas quantos pais não estavam tranquilizados naquele momento, achando que seus filhos e filhas estavam seguros e bem cuidados dentro daquele prédio? Aí chega alguém e destrói toda essa calma e todo o conceito de "escola protetora". Nada pode justificar. Não é doença, não é vingança. É loucura. E essa loucura não se justifica. Vidas foram levadas juntamente com a vontade de viver um dia após o outro na esperança de tudo ser melhor. Crianças que ainda tinham anos e anos pela frente, crianças que ainda tinha muito pra chorar e pra sorrir. Elas ainda tinha que brincar naquele dia, ler um livro e ouvir músicas. Algumas daquelas crianças ainda tinha que dar um abraço na sua mãe e no seu pai. Faltou equilíbrio, bom senso e piedade. Faltou um pouquinho sequer de amor e de Deus no coração dessa criatura, que nem de ser humano eu posso rotular. Faltou, talvez, uma vida melhor, um carinho que ele não recebeu, um abraço que lhe faltou ou uma família que sabe-se lá se existiu. Faltou tudo. Menos coragem. Coragem e vontade de fazer o que fez. Uma brincadeira de mal gosto quando criança, um empurrãozinho, falta de atenção... Será que podem ser motivos que o levaram a matar? E será, ainda, que ele tem o direito de chamar essas pessoas de 'más'? Gente ruim é gente que mata. Aquela que tira a vida de alguém sem ao menos saber o porque de fazer aquilo, aquela que provoca o medo não se importando com qualquer reação. É aquela que não se preocupa nenhum pouco com o que virá depois. E o que fazer agora que o massacre já passou, que os corpos já nem vemos mais? O que fazer com aquelas família que sofrem e não se conformam? Sim, porque não há como se conformar. O que pode ser feito com aquelas crianças que levarão para a vida toda o medo de ouvir um 'toc toc' na sala de aula? E com o próprio medo de ir a escola? Esse sentimento de que alguém, de uma hora para a outra, pode te matar, não vai sair jamais do coração e da mente de cada vítima daquele assassino. O medo e a lembrança vão caminhar juntos, e infelizmente são poucas as coisas que podem mudar isso. E o pior é que nem muda totalmente. Como o mundo vai acabar? Em tiros, em violência, em desespero, em angústia, em mágoas, em rancor, em vingança, em desamor, em desunião? Fortes são aqueles que diante disso tudo, diante do medo, da lembrança e do susto, ainda consegue sorrir e contagiar todos que estão a sua volta. Esses sim são cheios de vida e prontos pra enfrentar todo o mal que nos rodeia a cada minuto das nossas vidas. Já dizia Cazuza: "Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraíso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não dói."



Dani Fechine

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"Aproveita que a melhor parte é de graça e feita com mais amor do que cabe em mim." (Tati Bernardi)