27 dezembro 2011

Tempo (escrito para uma aula da saudade)


Paro pra pensar se o tempo realmente é algo que devemos fazer reverencia. É um inimigo e um anjo ao mesmo tempo. Nos ajuda a esquecer o que não queremos mais lembrar, mas ao mesmo tempo nos faz fazer uma viagem no passado voltando para aquilo que fazemos questão de viver novamente. Para nós, o tempo será fundamental. Fundamental não só para lembrar cada momento juntos, cada sufoco, cada agonia e cada sorriso que fizemos questão de compartilhar. Fundamental também para nos fazer aprender a conviver com a saudade, que a cada dia vai apertar um pouco mais. Talvez tenhamos que agradecer por este tão maravilhoso recurso, que nos faz perder a cabeça e ao mesmo tempo colocá-la no lugar.
Indispensável dizer que para nós, a partir de hoje, ele passará cada vez mais rápido. Há pouco tempo estávamos aprendendo a ler, a escrever e estávamos construindo nosso então edifício tão valioso: o passado. E parece que conseguimos fazer isso muito bem. Logo em seguida, aprendemos o que é ter responsabilidade, e os professores não nos tinham mais como filhos. A relação se tornou a mais profissional possível. Aprendemos. Aprendemos com o tempo. E de repente nos vemos aqui. Estamos prestes a dar um passo decisivo nas nossas vidas. Não há mais a relação de professor e filho, ou mesmo professor e aluno. Agora é com você. Somos nós contra todo o mundo. E vamos levar isso adiante muito, mas muito bem. E sabe por quê? Porque o tempo nos ensinou a esperar o momento certo, ele nos ensinou, com muita delicadeza e num ritmo curto, a termos a responsabilidade que merecemos e a conviver com cada dificuldade que insiste em aparecer nos nossos caminhos. Vá lá, se não fosse o tempo, eu nem saberia ao menos escrever esse texto.
Para nós, o tempo passou. Passou tão rápido que nunca imaginávamos estar aqui, todos presentes, como uma despedida, uma boa despedida. O tempo nos ajudou a entender o “adeus” como um “até logo”. Nos mostrou que não há caminho tão difícil que não se possa enfrentar.
Dê tempo ao tempo. Não se prenda na idéia de que ele resolve tudo. Precisamos saber usá-lo ao nosso favor. Precisamos do tempo para saber a falta que cada um vai sentir desse momento, e de anos atrás também. É aquela velha história... O tempo vai passar, os amigos não serão mais os mesmos, os caminhos vão se encurtar, talvez nos esqueçamos, talvez não. Cada um pro seu lado, esperando que um dia, a nossas linhas sejam muito tortas para poderem se cruzar. Com o tempo você vai percebendo que suas derrotas são as vitórias mais saborosas, você começa a usufruir dos momentos com o carinho e alegria de uma criança e analisar com a responsabilidade de um adulto. Com o tempo... Você cresce. E você sente falta de quando queria ser adulto. Com o passar do tempo você aprende direitinho a construir sua estrada para o futuro, para não ser tão incerto quanto é. Mas o tempo vai nos mostrar que somos tolos o bastante por acreditar que um dia conseguimos escrever o futuro. O tempo se encarrega de escrevê-lo para nós. Então, hoje, o tempo faz jus ao seu papel. Nessa noite voltamos no passado pra sentir saudade. E daqui a alguns anos faremos o mesmo a respeito dessa noite maravilhosa. Com o tempo, sentiremos saudades. Com o tempo, aprenderemos a conviver sem os risos nossos de cada dia. Aprenderemos, caminharemos, entenderemos... Com o tempo.

Dani Fechine

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