19 dezembro 2011

Um velho ciclo


Olha só, vou te contar uma coisa, aí você me diz se concorda comigo ou não. Quando parece que tudo vai de vento e poupa, quando a paz resolve voltar, quando o coração até muda de nome, quando o sorriso muda de motivo, quando ele não é mais a razão de nada, quando a presença não te incomoda mais, as coisas resolvem virar de ponta a cabeça mais uma vez. Como um estalo de dedos, tudo muda. Mesmo que por um instante, seu coração não é mais o mesmo, seu sorriso voltou a ser pelo motivo antigo, a dúvida paira e Deus sabe bem a tremedeira que você sentiu. Acho que ninguém nunca vai entender o que é olhar pela janela, ver aquele rosto antigo, duvidar do que ver e olhar mais uma vez pra ter certeza. E quando realmente cai a ficha, as pernas já estão mais bambas do que a corda do circo, o estômago está mais embrulhado do que presente pra criança, e você já não sabe mais como sorrir. Você simplesmente não sabe se sorrir pela surpresa ou se chora pelo trágico momento ser tão conhecido e se tornar tão distante. Você, inevitavelmente, faz com que aquela implicância vire apenas um indago de alguém que não se vê ou se repara a muito tempo. As novidades são as mais profissionais possíveis, pessoais nem pensar. Intimidade nunca mais. Abraço nem frouxo. Pra que? Pra você sentir minha tremedeira? Fiquemos longe, melhor assim. Eu faço minha cara de surpresa daqui e você faz a sua que você sabe fazer muito bem. Aquela de que nada nunca aconteceu. E age com a situação de bons e velhos amigos. Coisa que fomos um dia, e que hoje deixamos o "amigos" de lado e passamos a ser bons velhos, amargurados pelos descasos da tentação. Velhos no coração, no diálogo e no apelido também. Aquele velho "velha" de sempre. É facinho de entender. A questão é que se tornou tão simples pra você que a complexidade se esconde de tudo quando as linhas tortas se cruzam sem querer. Na verdade, sempre por querer. Nunca procuro me topar com alguém que vai me deixar confusa até de falar. Alguém que se olhar nos meus olhos vai me fazer voltar uma vida inteira. Não costumo me torturar tanto. Um pouquinho só, como todo mundo. Evito os encontros desencontrados. Vivo cruzando com eles. Mas deixo esses só para os eventuais retornos. Que de um tempo atrás em diante foi colocado um ponto final. Finalmente a contra-capa foi finalizada. No livro não se escreve mais. Mas aí você vem com aquela cara de sempre de que tá gordinho mas tá bonito e mostra pra que veio. Faz aquela de que tem compromissos, como sempre fez, mesmo sem ter, e vai embora como se mais uma vez nada tivesse acontecido. Aí, como é de se esperar de alguém que nunca soube o que queria, no outro dia ele passa por você e finge que não te vê, que não te conhece e que nunca te beijou. E vai. Vai pra ninguém perceber que ele quer falar com você, mas não pode. Não pode, não deve, não necessita, não precisa. Meia volta ele resolve dar uma passada nesse blog que não é lá essas coisas maravilhosas, e dá de cara com um texto desses. Sente raiva, fala mal até pra quem não deve, e depois de milênios volta novamente, quem sabe pra pedir um favorzinho. Ou talvez alguém viu o texto e mostrou a ele. É, é... A probabilidade da segunda opção é bem maior. Mas o que quero dizer é que isso tudo é um ciclo. Que no final você sempre some mesmo. Sempre muda, sempre vai. E que não me importa mais nenhum pouco as suas infinitas e não verdadeiras intenções. Vai, vai. Continua indo. Mas ver se dessa vez muda o clico. Vá, mas continue lá. Bom te ver, infelizmente


Dani Fechine

5 comentários:

  1. Huum por um bom momento de leitura pensei que esse texto tinha uma outra intenção! :D QUE VÁÁÁÁ,E NÃO VOLTE MAAAIS!!!!!! :D

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  2. Seus textos sempre me emocionam...são lindos...beijos.Sua mãe,velhinha.

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  3. Espero que meu ciclo feche, acho que desse já to cansada, quero um novo! kkkk

    Ótimo texto! bjs

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"Aproveita que a melhor parte é de graça e feita com mais amor do que cabe em mim." (Tati Bernardi)