27 janeiro 2012

Entre o coração e a razão, escolho a dúvida

Vou contar-lhes uma história verídica. Tão verídica quanto os contos de fadas e os monstros do seu armário. Venho falar de uma relação destroçada, que basta respirar e ela já existe. A relação mais desarmoniosa que possa parecer. Os dois não se batem de jeito nenhum. Um diz uma coisa, o outro já pensa completamente diferente. Se um quer o outro desiste. Se um se quebra em pedacinhos o outro vira as costas. É uma relação que o orgulho vence. E ou é um ou é outro. Nunca em conjunto, nunca um consenso. É duro, é bastante duro conviver com esses dois. Porque se um se derrete todo, o outro está mais firme que uma rocha. Enquanto um está pensando, o outro já decidiu. Enquanto um manda soltar, voar, dar os passos por si só, o outro já manda prender, acorrentar, nunca, nunquinha deixar ir embora. Há quem acredite que eles nunca darão certo. E eu concordo plenamente. Cérebro e coração jamais se arranjarão. A diferença já está na posição. Enquanto um está no topo, o outro ainda tem dúvida se fica do lado esquerdo do peito ou se sai pela boca. Há quem diga que é muito menos perigoso ter razão... Ou que é muito mais sincero seguir os sentimentos. Há quem siga seu caminho pelas batidas do coração, como também existem aquelas que preferem a exatidão do cérebro, da razão. Para este último, qualquer passo em falso é culpa do coração. Colocou uma pitadinha sequer de sensibilidade e foi-se tudo por água abaixo. O cérebro é mais rígido do que você pensa. E mais orgulhoso do que você. Muito fácil agir por impulso, muito fácil optar pelo que te faz tremer mais ou pelo que já te fez chorar. Sim, porque quanto mais você chora por algo ou alguém mais o coração faz questão de querê-lo. Já o cérebro não, ele raciocina perfeitamente, milimetricamente, não deixa rastros nem dúvidas. Ele sabe o ponto exato onde chegar e sabe acertar. Ta aí a explicação para um simples descaso do ser humano com o cérebro. Nunca gostamos do que nos leva exatamente ao lugar certo. Na verdade, nunca gostamos do que é fácil e do que é mais sensato. O perigo nos atraí. Isso é um fato impossível de discutir. O caminho que o coração faz é bem maior, doloroso, aventureiro e muito sensível. Mas ele sempre chega ao mesmo denominador que o cérebro atinge sem ultrapassar tantas barreiras. O problema está aí... São tantos pulos que você precisa dar quando segue seu coração, que as vezes você não chega ao final. O cansaço toma conta por completo. Dizem que cansaço não significa desistência. Muitas pessoas continuam tentando, mesmo cansados. Não é a coisa mais fácil do mundo seguir o coração. Pra isso, é preciso ter amor. Não é a coisa mais difícil do mundo seguir a razão, é preciso confiar. Não é porque amor e confiança andam juntos que o coração e o cérebro sejam irmãos. Contraditório, eu sei.

Dani Fechine

2 comentários:

  1. HUmmmmm coisinha complicada viu! Coração e razão comigo não funciona! belo texto!

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  2. Me surpreendeu muito .. fiquei triste bubu* , seilá mas é a pura realidade e talvez isso me deixe um pouco triste ... porquê as pessoas não poderiam ser simplesmente razão ou só coração , mas isso não é possível . Trágico.@giruuts

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"Aproveita que a melhor parte é de graça e feita com mais amor do que cabe em mim." (Tati Bernardi)