17 janeiro 2012

Seria mesmo um sonho?

E cada uma seguiu a sua vida. Meses atrás ele saiu da dela e ela saiu da dele, deixando claramente um pedaço no coração de cada um. Era o que ela esperava. Não havia mais nada que os ligassem. Apenas um presente ou dois, na casa de cada um. E quem sabe nem isso fizesse ligação mais. Um porta retrato escondido ou jogado fora e uma almofada sem mais significados. Virou um travesseiro. Uma ligação, só se for muito preciso. E se for pra pedir algum favor, claro. A interação fica cada vez pior. Os dois, cada vez mais distantes. Agora? Nem se conhecem mais. Deu pra perceber como as coisas mudam muito rápido. Os meses voam quando você precisa que eles só corram um pouco. E aí os olhares também se perdem. Ninguém se conhece mais, ninguém dirige sequer uma palavra, ninguém se importa mais. E os dias continuam a passar. Brigas acontecem por motivos indiretos. As linhas são retas demais, paralelas demais. Nunca mais se tocaram e parecem que não vão nunca mais. E a noite, cada um com seu travesseiro e em suas casas muito distantes para se encontrarem nas ruas por acaso, se deitam e voltam ao passado. Dizem que os sonhos ou são previsões ou algum desejo muito forte que você guarda. Prefiro não acreditar em nada. Na ausência de alguém eles se encontram, e realmente parece filme mas  muito vida real também. Se abraçam e sentem a falta que cada um fez pro outro. Não se passa 5 minutos e a amizade de antes já está tão bem atingida que ninguém diria terem um dia se separado. É aquela estranha situação de chamar o outro de "amor" quando não existe mais nada entre os dois. "Ops, amor não, desculpa." Foram essas as palavras dela. Respondida com um sorriso muito do tentador. O local? Um elevador. Do shopping, muito provavelmente. E como em sonho mesmo, parece que o elevador para e te vem na cabeça uma história de 500 anos. É como se o momento congelasse. É demais para um sonho só, não acha diretor? Até que as luzes voltam a acender, e os dois se encontram abraçados novamente, se protegendo de algo que ambos sabem o que mas preferem não acreditar. Algo um dia os separaram, algo muito forte que os fizeram nunca mais serem um. Não queriam que a 8ª vez acontecesse. Mas parecia inevitável. Parecia que o adeus era realmente o final de todos os capítulos que teriam que ser escritos. Mas antes de qualquer situação a ser exposta, antes de qualquer desatar de mãos, antes de qualquer lágrima cair e de qualquer cabeça abaixar, ele finalmente soltou algumas palavras: "Nossa história está ficando cada vez mais bonita." E ela, com um olhar e uma lágrima de quem queria que isso realmente fosse verdade, respondeu: "Não... Nossa história está ficando cada vez mais difícil." E de cabeça baixa, cada um voltou a seguir o seu caminho. Aquele que jamais se cruza pra sempre.
Bom dia. Acordei.


Dani Fechine

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"Aproveita que a melhor parte é de graça e feita com mais amor do que cabe em mim." (Tati Bernardi)