21 janeiro 2012

Mudando a rotina - Lotação

 Pedi parada, e o ônibus mais lotado do mundo parou pra me deixar subir. É aquele velho momento que você para e pensa: vou ou espero o próximo? Mas, pra não se atrasar você entra. E é aquele aperto, segurando a bolsa na frente pra ladrão nenhum se aproveitar do seu descuido. E eles ainda conseguem uma falcatrua, acreditem. Você não sabe se fica ali por trás mesmo, ou se vai lá pra frente porque fica mais fácil de descer. Até que você para no meio do ônibus. O lugar onde todo mundo fica. Porque não consegue mais se movimentar nem pra frente nem pra trás. Aí, quando se encontra alguém muito bondoso sentado, você consegue se livrar pelo menos dos cadernos que está segurando.
Entra de todo tipo de gente no ônibus. Desde empresários com carros quebrados até pessoas pedindo uma ajuda porque fulano está muito doente.  E também vai depender dos horários. De amanhã cedo, nos dias úteis do mês, você só encontra estudante. E o ônibus é mais lotado do que tudo na vida. O que tem de mochila e caderno não tá no gibi. Em horário de almoço são poucos os ônibus cheios. Porque os horários das pessoas não se batem, e cada um pega um ônibus diferente. O pior é a tardinha, quase chegando a noite. Aquele cheiro de combustível. O famoso cheiro de fim de tarde que tanto me dá agonia. Os ônibus estão entupidos. É a hora do assalto. Estão todos cansados o suficiente pra pensar em segurar a bolsa. E fica do jeito que está mesmo. Chega alguém, mete a mão no bolso e leva embora. Ninguém nunca vai saber quem foi. Sem falar no trânsito que está por essas horas né? Além da demora pra chegar em casa, sempre vai ter alguém gritando: "Calma aí, vai descer...". E quando enfim você consegue um lugar pra sentar? Entra um idoso e você precisa ser generoso o bastante pra ceder a cadeira, aliás, ele precisa mais do que você. Ou então entra uma grávida, ou uma mãe com o bebê no braço. São situações inevitáveis, que se ninguém se levanta, você toma a iniciativa. Ou pior... Você arruma um lugar super confortável, se acomoda muito bem. E de repente escuta aquela música nas alturas. Música não, na verdade é uma batida muito desagradável. Olha pro lado, está a criatura ouvindo música sem fones de ouvidos. Ninguém é obrigado a ouvir essas baboseiras todas, mas também ninguém reclama. Ainda tem muita coisa pior dentro de ônibus. Está aquela aperto, aquela muvuca inteira, e alguém com um odor terrível levanta o braço ao seu lado pra segurar na barra de cima. Você só não desmaia porque tem uns dez corpos te impedindo de cair.  Sem falar que ônibus é o universo dos perfumes né? Vai de Jhonson&Jhonson até o Malbec, que você sente o cheiro do final do ônibus. E quando você tem alergia a algum deles? Só te resta esperar ansiosamente a hora de descer. Ainda tem aquela hora que você precisa pegar ônibus em clima chuvoso. Tem coisa pior? Janelas fechadas e um abafado que ninguém aguenta. Sem contar que entra gente no ônibus com a sombrinha encharcada, e levanta o braço com ela na mão. É a hora que você toma um banho mesmo estando num lugar fechado. Você faz tudo isso, eu sei. Agora, por favor motorista, para na próxima parada porque não aguento mais esse turbilhão de diferenças num ambiente só.

Dani Fechine

Um comentário:

  1. Acho que você disse tudo e mais um pouco , alegria de pobre é pegar Ônibus vazio .. nessa vida tudo é dificil-'

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"Aproveita que a melhor parte é de graça e feita com mais amor do que cabe em mim." (Tati Bernardi)