09 março 2011

Desabafo de Ritinha

Vamos embaralhar as cartas, puxar uma e ver qual sai. Vamos mexer no passado, revirar as partes sujas e trazer tudo que há demais belopara o agora. Vamos pensar, e não vamos deixar de fazer o que antes não fizemos. Não vamos jogar essa oportunidade fora, tampouco esse amor que transborda cada dia mais. Não vamos dar as costas a quem sempre esteve conosco. Saibamos retribuir, saibamos amar igualmente, saibamos, ainda, trazer a felicidade de alguma forma inédita. Por favor, querido príncipe encantado, me tira desa angústia de que você sabe o que. Vamos lá, você nunca foi um sapo, muito menos o vilão. Você sempre apareceu com seu cavalo branco, sem se importar com que cara eu estaria te esperando. E agora, por favor, tenha coragem e termine de subir a torre. Você está perto e a trança é bastante forte pra te aguentar. Mas eu tenho medo de que um dia ela se arrebente e você tenha que começar lá de baixo novamente, e talvez você não tenha mais coragem de recomeçar. Eu não sei o que te falta, mas sei bem como completar. Tira essa capa vermelha, essas botas pretas e envernizadas, troca também essas roupas de seda e vem pra vida real. Larga esse cavalo branco e vem correndo que é mais romântico. Traz uma flor, ou se não der só uma pétala. Mas deixa o buquê de lado. Traga você. Somente. Traga tudo que eu preciso e tudo que te falta. Falta pouco. Mas vem e fala tudo que a gente ouviu naqueles filmes de cinema. Sim, aquele que me fez chorar, aquelas frases românticas. Se quiser pode fazer igualzinho: -Eu preciso de você e você precisa ainda mais de mim. Eu aceito esse plágio e aceito ainda mais se o braço do final for de tirar o fôlego (de tão apertado). Aceito a simplicidade. Mas se você vier tão recheado também não tem problema. As poucos a cobertura derrete. Mas venha, por favor. Chegue depressa porque o tempo já passou. Anos ja se foram, mais precisamente... dois. Meses já se completaram e o portão do meu terraço ainda está aberto, esperando que você entre e sente nas belas cadeiras do conjunto. As caixas guardadas e os materias recicláveis estão na parte de cima do guarda roupa, na espera de uma comemoração. A maquiagem ainda é a mesma, o cabelo ainda está do mesmo jeito, o corpo nem se fala.
A flor está inteirinha, nada mudou, apenas o coração. Disse Ritinha, esperando ser seu último desabafo.

Dani Fechine

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"Aproveita que a melhor parte é de graça e feita com mais amor do que cabe em mim." (Tati Bernardi)