09 março 2011

A primeira das primeiras vezes


Você sempre mereceu um texto meu. E eu sempre escrevi. Não para ti, mas para mim. E sim, por você merecer tanto eu nunca escrevi nada sobre você. Talvez com uma ponta de medo dele não sair tão perfeito quanto você merecia. Mas eu tive muitas chances de escrever nem que fosse uma linha sequer. E até hoje eu me pergunto porque não o fiz.


"Você sempre foi o único homem que me amou." E as minhas palavras nunca passaram de uma mera frase na última folha do caderno. Você sempre foi a única pessoa que me vazia esquecer do mundo com um simples e apertado abraço. Foi sempre você que me fez viver um pouco. E me fez também crescer. Eu aprendi. E nem sequer um "obrigada" eu escrevi.

Outro dia eu sentei na poltrana da sala, com vista para o meu terraço e o meu jardim, e com uma brisa muito boa batendo no meu rosto e um silêncio absoluto, eu lembrei de tudo que a gente viveu. Eu poderia ter escrito ao menos um parágrafo sobre o dia que você tomou uma atitude e resolveu me dizer algumas coisas lindas. Sim, falo do dia que tudo começou e com um olhar envergonhado você me roubou um beijo. Depois eu também poderia ter escrito sobre as noites 'via celular', nas quais eu ouvia as músicas mais bonitas e as palavras mais, mais... mais alguma coisa que eu não sei e que me deixavam envergonhada. Aí eu lembrei que alguns meses depois tudo mudou. Saiu você e entrou o arrependimento. E depois você voltou. E eu tive mais uma oportunidade de escrever. Aí tudo mudou mais uma vez. E depois você voltou novamente. E mais uma vez eu não escrevi absolutamente nada. Mal eu sabia que tudo já estava escrito aqui, na memória e no coração. 

Aí as coisas mudaram um pouco mais. E voltaram ao normal um tempo depois. E eu lembro que pelo menos dessa vez algo foi escrito sobre você, sobre nós. Mas algo em imagens, fotografias. Eu poderia sim, ter escrito sobre aquele dia em que fomos ver um flime com mais duas pessoas que não cabem nesse texto, e você com uma voz gentil pediu pra segurar a minha bolsa. E eu deitei no seu ombro na volta pra casa.

Talvez eu pudesse ter escrito sobre o dia que tudo resolveu mudar de verdade. E eu nem sequer escrevi sobre as saudades que eu tanto senti. Sobre as noites sem você aos telefones e sem as madrugadas 'musicais'. Não escrevi nem sobre o quanto eu pensei em voltar atrás. Mas ai tudo realmente mudou. E parece que dessa vez você demorou pra voltar. E eu poderia ter escrito sobre o ano inteiro que passei sem nem te ver com perfeição e o ano inteiro que você também não me olhou. Mas ao invés de tal eu resolvi silenciar. E dessa vez quem voltou fui eu.

E agora eu paro pra pensar quantos 'eu te amo, flor' eu deixei passar nas folhas em branco dos meus cadernos, quantos abraços eu não descrevi e quantos beijos eu não revelei. Que bela história eu já teria aqui guardada se todos esses dias não tivessem passado voando das minhas páginas. Até hoje, até essa noite eu não havia escrito nada sobre você e sobre o que você foi pra mim. E talvez por sentir tudo que um dia você sentiu eu resolvi explodir de uma vez o que já não cabia só na memória e no coração. E enfim a flor desabrochou. E depois de tanto tempo o seu perfume continuou.

Dani Fechine 

Um comentário:

"Aproveita que a melhor parte é de graça e feita com mais amor do que cabe em mim." (Tati Bernardi)