18 março 2011

Sem título

Tentava escrever. Os dedos não saiam do teclado e os olhares iam sempre para a caneta esferográfica preta que estava no mesmo plano do computador. Eu não sabia se digitiva ou se escrevia cursivamente, assim como gosta minha professora de redação. Mas eu precisa explodir, mais uma vez. Isso acontece corriqueiramente, como um celular a despertar as seis horas da manhã, me chamando pra tomar um banho, colocar um uniforme azul e caminhar sozinha e distraída até o prédio branco e azul que chamam de escola. Sim, esse lugar repleto de bullyng, conversas, fofocas e por fim, conhecimentos que extrapolam.. Mas algo, ainda assim, me impedia de jogar na tela ou na folha o que meus pensamentos insistiam em embaralhar. Era a espera de um possível telefonema ou do toque da campainha, que ao ocorrer sempre disparava em mim o coração. Mesmo assim continuei a escrever sem ao menos ter noção do que meus dedos datilografavam, talvez. Precisava falar de qualquer coisa, qualquer situação e qualquer assunto que já veio a me ferir ou a me alegrar. Poderia ter riscado algo sobre os meus amigos, mas seria sempre pouco pra homenageá-los. Quem sabe sobre as saudades que sinto de quem está um pouco longe, numa cidadezinha do Ceará, mas ai também não seria o suficiente para diminuí-la. O amor poderia ser mais um daqueles assuntos que conseguimos desenrolar facilmente. Mas na verdade eu só queria escrever. Não importava o que, com o que e porque. Só precisava liberar as palavras que passeavam na cabecinha viajosa e mirabolante da adolescente estranha e maluca, que na calada e silenciosa sexta-feira ela estava sentada na frente de um computador escrevendo sabe-se lá o que. Mas escrevia. E pouco se preocupava com a música que a vizinha escutava e cantava ao mesmo tempo. Resolvia não pensar muito antes de escrever, e ia deixando que seus dedos a conduzissem. Nesse momento ela já havia optado por digitar e desviado os olhares da caneta. A menina que agora tinha as unhas vermelhas, só inventava uma desculpa para enrolar o coração e não mais escrever sobre o que tanto lhe preocupava, incomodava, entrsitecia e nada de bom a trazia. Uma desculpa tola. Na verdade ela só queria um texto 'de vergonha' nesse blog quase inútil.

Dani Fechine

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Aproveita que a melhor parte é de graça e feita com mais amor do que cabe em mim." (Tati Bernardi)